Entrevista

Congresso quer firmar compromisso pela "cultura da Vida"

Em entrevista à Agência Zenit, Padre Ethewaldo Naufal L. Júnior, Padre-assessor da Comissão em Defesa da Vida da Diocese de Taubaté (SP) e presidente-executivo do I Congresso Internacional em Defesa da Vida, a realizar-se no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, a partir desta quarta-feira, 6 até dia 10 de fevereiro, fala da expectativa para o Congresso.

Segundo ele, "o que nos anima é que, cada vez mais, muitas pessoas vão tomando consciência da importância de defender o valor da pessoa e da vida humana".

Leia a entrevista na íntegra:

1) Qual o objetivo do I Congresso Internacional em Defesa da Vida, no contexto da abertura da Campanha da Fraternidade, que esse ano tem como tema: "Fraternidade e Defesa da Vida", e o lema "Escolhe, pois, a Vida"?

Pe. Ethewaldo Naufal: O principal objetivo desse Congresso é o de afirmar um solene compromisso pela "cultura da vida", assumindo as exigências que a realidade cada vez mais desafiante nos impõe, de nos posicionarmos enquanto cristãos pela defesa da família e da vida humana.

Nesse sentido, o encontro de Aparecida irá permitir que grandes especialistas em bioética (alinhados com o Magistério da Igreja) e importantes lideranças pró-vida nacionais e internacionais não apenas possam partilhar idéias e experiências, mas, principalmente, viabilizar a formação de uma rede de solidariedade entre as diversas lideranças do mundo acadêmico e da sociedade civil, bem como da Igreja, para que a defesa da família e da vida humana seja um propósito prioritário, como já fazia apelo o Papa João Paulo II, em sua encíclica Evangelium Vitae: a Igreja não pode se omitir diante de qualquer ameaça à dignidade e à vida do homem, especialmente nos dias de hoje, em que tais ameaças se multiplicaram de forma espantosa, em diversos aspectos, com dimensões muito inquietantes.

2) O Congresso não pretende apenas apresentar um diagnóstico da situação, mas oferecer propostas concretas de ação conjunta. Que iniciativas serão priorizadas?

Pe. Ethewaldo Naufal: Especialmente o fortalecimento e a agregação dos diversos grupos pró-vida já atuantes no Brasil, para juntos somarmos esforços em ações que promovam a família e a vida humana, principalmente no campo de batalha que se tornou Brasília, quando urge estarmos hoje cada vez mais vigilantes em relação aos muitos projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, que atentam gravemente contra a dignidade da pessoa humana. Essa é, afinal, a proposta do "Movimento Legislação e Vida", nascido em nossa Diocese, que pretende contribuir e somar com as demais forças existentes no sentido de evitar a aprovação de qualquer lei que atente contra a família e a vida humana.

Já conseguimos isso em relação ao PL 1135/91, que visa despenalizar o aborto no Brasil, mas sabemos que, após o Congresso de Aparecida, muitas batalhas nos esperam, daí porque estarmos plenamente conscientes de que estamos em meio a um combate espiritual. O nosso trabalho tem tido êxito porque está sendo feito em perfeita comunhão eclesial, com o nosso Bispo, Dom Carmo João Rhoden, e os leigos que constituem a Comissão Diocesana em Defesa da Vida e o Movimento Legislação e Vida. Ressalto a importância dessa comunhão eclesial (em pleno acordo com as diretrizes do Papa Bento XVI), pois só assim é possível acontecer a evangelização, para resultar em bons frutos.

3) Um grupo de especialistas em bioética e lideranças pró-vida está preparando a Declaração de Aparecida em Defesa da vida. O que terá evidência nesse documento?

Pe. Ethewaldo Naufal: A Declaração de Aparecida em Defesa da Vida será, acima de tudo, o documento em que manifestaremos solenemente o nosso compromisso com a "cultura da vida". Queremos também que a sociedade tome conhecimento, mais profundamente, da contextualização da situação da defesa da vida, em nível mundial, pois há poderosos grupos muito bem organizados que planejam e financiam a "cultura da morte", de diversas formas. Daí porque os ataques à família e à vida humana em nível mundial fazem parte de toda uma estratégia de dominação e de manipulação, que tem como alvo principal a moral cristã.

Há um volume enorme de dinheiro investido por grandes fundações internacionais na "cultura da morte", impondo estilos de vida que contrariam a lei natural, provocando o maior ataque contra a família, em toda a História, com conseqüências desastrosas, já bastante conhecidas: crescente violência, sob múltiplas formas, degradação moral alarmante, desprestígio das demais instituições, relativização dos valores, banalização da vida, desrespeito à pessoa humana, etc.

Mais do que ameaçada, a família está hoje sob o fio da navalha, e a Igreja "que luta pelo ser humano", não pode estar omissa nem indiferente a isso: nesse sentido, deve salvaguardar e proteger a vida, o nosso bem mais precioso. Isso certamente estará muito explícito na Declaração.

4) Nesse sentido, que propostas poderão ser apresentadas no final do encontro?

Pe. Ethewaldo Naufal: Dentre várias propostas, solicitaremos à CNBB a formação de uma equipe permanente que faça o acompanhamento da tramitação dos projetos de lei em Brasília, bem como continuar o trabalho de formação nas paróquias, também com o clero, para que possamos ampliar e intensificar a vigilância e ação para evitar a aprovação de leis contrárias à promoção da família e da vida humana, bem como estimular as leis que visam promover a pessoa humana.

Tudo isso para fazer cumprir o que está no texto-base da CF-2008 ("Trabalhar junto às pastorais desenvolvendo a ação em defesa da vida", destacando, o fortalecimento em nível nacional do Comitê de Bioética da CNBB, em consonância com a doutrina do Magistério da Igreja, conhecer e aprofundar a bioética personalista, incentivar a formação, em todas as dioceses do Brasil, de Comissões em Defesa da Vida, realizar articulações e parcerias com todas as pessoas e movimentos em favor da vida", entre outros.

O que nos anima é que, cada vez mais, muitas pessoas vão tomando consciência da importância em defender o valor da pessoa e da vida humana, sendo que estão surgindo iniciativas por toda a parte, o que damos todo apoio e desejamos firmemente que desse esforço haja um trabalho conjunto e coordenado, para que a vida triunfe sobre a cultura da morte. Essa é a nossa missão, enquanto cristãos de hoje: viver a dimensão profética do Evangelho da Vida.

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