O Secretário de Estado do Vaticano se pronunciou durante a conferência e falou sobre as preocupações da Santa Sé
Da redação, com Boletim da Santa Sé e informações da Reuters
Em pronunciado oficial, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, lembrou a importância do Pacto Global sobre Migração, em conferência que está sendo realizada na cidade de Marraquexe, no Marrocos, nesta segunda-feira, 10.
Intitulado como Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular (GCM), o documento foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Como temos visto nos anos mais recentes, quando esses desafios não são bem guiados, crises podem se formar, o discurso retórico pode encobrir a razão e os migrantes podem acabar sendo vistos mais como ameaças do que como irmãos e irmãs que precisam de solidariedade e serviços básicos”, disse Parolin.
Para o Secretário de Estado do Vaticano, o Pacto Global Sobre Migração deve ser encarado como uma ferramenta de auxílio a toda comunidade global. “Este pacto ajudará a prevenir crises e tragédias”, assegura Parolin. “Ao mesmo tempo, também procura melhorar a governança da migração, que deve aumentar à medida que a comunidade internacional se torna mais interconectada econômica, social e politicamente”, reiterou.
O Papa Francisco sempre tem dedicado boa parte de seu pontificado para lembrar do quão importante é o cuidado para com estas pessoas que deixam sua terra natal em busca de uma vida melhor em outro país. “A Santa Sé apela aos governos e à comunidade internacional como um todo para que promovam condições que permitam que comunidades e indivíduos vivam em segurança e dignidade em seus próprios países”, diz Parolin.
A Santa Sé, no entanto, fará algumas ressalvas com relação ao documento aprovado. “A Santa Sé apresentará suas reservas em seu tempo devido, especificamente sobre os documentos do Pacto que contêm terminologia, princípios e diretrizes que utilizam uma linguagem não acordada, como certas interpretações ideológicas dos direitos humanos que não reconhecem o valor inerente e a dignidade da vida humana em todas as fases de seu início, desenvolvimento e fim”, detalhou Parolin.
Nações importantes como os Estados Unidos, Áustria, Hungria, Chile, República Dominicana, Polônia e Eslováquia se recusaram a participar desta conferência. Enquanto isso, Bulgária, Estônia, Itália, Israel, Eslovênia e Suíça estão indecisos sobre concordar com o Pacto Global.
“Embora alguns Estados tenham decidido não participar do processo ou nesta Conferência Intergovernamental, a Santa Sé está convencida de que os enormes desafios que a migração representa são mais bem enfrentados por meio de processos multilaterais, em vez de políticas isolacionistas”, acrescentou o representante vaticano.
Apesar da recusa desses países, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse que a soberania desses países será integralmente respeitada. “Esperamos que todas as partes possam trabalhar juntas por meio da cooperação internacional para encontrar uma solução ordenada para a questão da migração”, disse o porta-voz da Agência de Migração da ONU, Leonard Doyle.
O Secretário de Estado do Vaticano explicou ainda que apesar da recusa de algumas nações, este novo acordo mostra um grande avanço em direção aos mais necessitados que enfrentam dificuldades para ter uma vida estável e segura em seus países de origem. “Por estas razões, o Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular é um avanço significativo na responsabilidade compartilhada da comunidade internacional de agir em solidariedade com as pessoas em movimento, especialmente aquelas que se encontram em situações muito precárias”, finalizou Parolin.
Ainda que algumas nações tenham se recusado a integrar este acordo, mais de 160 países adotaram formalmente o Pacto Global pela Migração.