Defesa dos vulneráveis

Cardeal filipino sobre a proteção dos menores: ‘feridas pedem pela cura’

O cardeal Tagle, das Filipinas, afirma que conhecer a dor dos menores abusados é o primeiro passo para a cura

Da redação, com PBC2019

Cardeal Luis Antonio G. Tagle, presidente da Caritas Internacional e Arcebispo de Manila, nas Filipinas / Foto: Reprodução VaticanNews

O cardeal de Manila, nas Filipinas, Dom Luis Antonio Tagle, fez a primeira intervenção aos participantes do Encontro sobre Proteção dos Menores, logo após a abertura feita pelo Papa Francisco. O evento começou nesta quinta-feira, 21, no Vaticano, e prossegue até domingo, 24.

O cardeal falou sobre o tema “o cheiro das ovelhas: conhecer a sua dor e curar suas feridas, eis a tarefa do pastor”.

Para Dom Tagle, a lentidão das respostas em relação aos casos de abusos dos menores é uma chaga que atingiu aos bispos, às vítimas e a todo o corpo do clérigo. “Nossa ausência numa resposta ao sofrimento dessas vítimas, chegando mesmo ao ponto de rejeitá-las e até encobrir esses escândalos para proteger quem os perpetrou e a instituição que machucou nossas pessoas, e que deixou uma profunda ferida na relação naqueles a quem deveríamos defender”, lamenta o religioso.

Mas essas feridas pedem cura, enfatizou. “E esta cura já está sendo posta em prática”, segundo o cardeal.

“O tema de cura das feridas já foi tema de muitos estudos interdisciplinares”, recordou Dom Tagle. “Acredito que precisamos recuperar e manter uma fé e perspectiva eclesial para nos guiar. Repito: uma fé e uma perspectiva eclesial para nos guiar, como enfatizado muitas vezes pelo Papa Francisco”, acrescentou.

O cardeal faz uma breve analogia com o sofrimento de Cristo com as aflições enfrentadas por estes menores abusados. “As feridas do Cristo ressuscitado lembram o sofrimento inocente, mas também a nossa fraqueza e a nossa imoralidade”, analisa. “Se queremos ser portadores de cura, devemos rejeitar toda tendência que pertença a um pensamento mundano que se recusa a ver e a tocar as feridas dos outros, aquelas feridas que são as feridas de Cristo nas pessoas feridas”, reitera.

Caminhada contígua

Na análise de Dom Tagle, é necessário que a caminhada da Igreja e das vítimas desses abusos seja feita em unidade, pois ambos, vítima e abusador, precisam de ajuda. “A reflexão sobre a justiça e o perdão nos leva à resposta: os dois. Quanto às vítimas, devemos ajudá-las a manifestar suas feridas profundas e curá-las. Quanto aos abusadores, é necessário aplicar a justiça, ajudá-los a encarar a verdade sem racionalização e, ao mesmo tempo, não negligenciar seu mundo interior”, finalizou.

 

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