Notas oficiais do Arcebispo de Santiago e da Conferência Episcopal do Chile reafirmaram busca por justiça
Da redação
A Igreja no Chile se pronunciou a respeito dos atos de violência ocorridos durante as manifestações neste domingo, 18, na cidade de Santiago. Duas igrejas foram alvo dos ataques. A torre da Igreja de Assunção desabou após o prédio ser incendiado. As manifestações ocorrem no aniversário de um ano de protestos em massa sobre a desigualdade que deixou mais de 30 mortos e milhares de feridos.
Em nota, o Arcebispo de Santiago, Monsenhor Celestino Aós Braco, afirmou:
“Há um ano, sofremos um surto de violência que nos causou tanta dor pessoal e tanta destruição material que pensamos que seria uma lição amarga e forte. Custou-nos reconstruir as instalações e exigiu sacrifícios e desconforto constantes dos mais pobres; a vida se tornou mais difícil para eles. Os pobres são os mais afetados. Esperávamos que essas ações e imagens não se repetissem. Ações violentas e imagens de vandalismo que sofremos novamente hoje.”
Dom Braco expressou sua proximidade aos paroquianos e pediu: “Chega, chega de violência. Não vamos justificar o injustificável. Deus não quer violência. Vamos nos encontrar para fazer atos de reparação e reparação como uma comunidade de crentes. Agora, eu os convido à oração, para purificar nossos corações, para que nem o desejo de vingança, nem o rancor, nem o ódio, nem a violência entrem em nós.”
E finalizou: “Bem-aventurados os que trabalham pela paz, bem-aventurados os que hoje podem fechar o dia dizendo: Trabalhei por um Chile melhor, tenho trabalhado construindo a paz”.
Conferência Episcopal
Dom Santiago Silva Retamales, Bispo Militar do Chile e Presidente da Conferência Episcopal do Chile e Dom Fernando Ramos Pérez, Arcebispo de Puerto Montt, Secretário Geral, assinaram a nota oficial da Igreja no país, em que se solidarizam com as pessoas vítimas dos atos de violência e asseguram que a grande maioria do país anseia por justiça e medidas eficazes que contribuam para superar as brechas de desigualdade:
“Contemplamos com tristeza as agressões, saques e ataques a lugares de oração, espaços sagrados dedicados a Deus e ao serviço solidário das pessoas”, escreveram às comunidades das igrejas destruídas.
Diante desses fatos, os bispos afirmaram que os grupos violentos contrastam com muitos outros que se manifestaram pacificamente. A atitude, segundo os bispos, não reflete o desejo da maioria da população chilena:
“A grande maioria do Chile anseia por justiça e medidas eficazes que ajudem a superar as lacunas de desigualdade; eles não querem mais corrupção ou abuso, eles esperam um tratamento digno, respeitoso e justo. Acreditamos que essa maioria não apoia nem justifica ações violentas que causam dor a indivíduos e famílias, prejudicando comunidades que não podem viver sossegadas em suas casas ou no trabalho, amedrontadas por quem não busca construir nada, mas antes destruir tudo”.
Os bispos chilenos concluíram referindo-se à última encíclica do Papa Francisco “Fratelli tutti”, que lembra a importância do cultivo do amor para tornar possível a amizade social que não exclui, e a fraternidade aberta a todos: “A partir desta atitude de fraternidade – asseguram – poderemos expressar-nos com respeito, participar sem temor da democracia e concorrer na procura do bem comum”.