Por meio de comunicado, Conferência Episcopal Venezuelana se manifesta quanto a eleições, cujo resultado é contestado por opositores e outros países
Da Redação, com Vatican News
A Conferência Episcopal Venezuelana publicou um comunicado em que pede a verificação do processo eleitoral realizado no país. O pleito aconteceu no domingo, 28, e a Justiça Eleitoral do país reconheceu o presidente Nicolás Maduro como vencedor das eleições na segunda-feira, 29.
Contudo, o órgão não apresentou as atas da votação. Diante disso, os líderes da oposição venezuelana contestaram o resultado, assegurando que, de posse de 73,25% das atas, o candidato Edmundo González Urrutia venceu em todos os estados, com um total de 6.275.182 votos, contra os 2.759.256 obtidos por Maduro.
Neste contexto, os bispos venezuelanos publicaram uma nota onde destacam “a participação massiva, ativa e cívica de todos os venezuelanos no processo eleitoral”. “Como pastores do Povo de Deus”, prosseguem no texto, “acompanhamos de perto o desdobramento dos últimos acontecimentos e queremos expressar a todos a nossa proximidade e disponibilidade para prestar acompanhamento pastoral neste momento de preocupação”.
Leia mais
.: Maduro celebra reeleição na Venezuela e promete conter violência
O episcopado da Venezuela também se manifestou favorável ao pedido por uma verificação do processo eleitoral. “Unimos as nossas vozes às de todos aqueles dentro e fora da Venezuela que exigem um processo de verificação dos registos de contagem de votos, no qual todos os eleitores participem ativa e plenamente”, registra o documento.
Outras reações
Protestos eclodiram em toda a Venezuela, rechaçando a proclamação de Nicolás Maduro como presidente. Ao menos 12 pessoas morreram e mais de 700 foram presas durante as manifestações. A Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em Washington (Estados Unidos), convocou uma reunião extraordinária para tratar dos resultados das eleições no país sul-americano, questionadas também por vários países da região.
Diante destas reações, o governo da Venezuela exigiu que Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai retirassem “imediatamente” os seus representantes em território venezuelano, por terem manifestado sua preocupação com o desenvolvimento das eleições presidenciais.
Na Europa, o alto representante da União Europeia (UE), Josep Borrell, felicitou “o povo venezuelano pela sua determinação em exercer o direito de voto de forma pacífica e massiva”, reconhecendo “o empenho da oposição no processo eleitoral, apesar das condições desiguais”. “A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada”, reiterou.
Como os resultados eleitorais não puderam ser verificados, destaca Borrell, “não podem ser considerados representativos da vontade do povo venezuelano até que todos os registos oficiais das assembleias de voto sejam publicados e verificados”.
Neste sentido, a UE apelou ao Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela para agir com a máxima transparência no processo de apuração dos resultados, incluindo o acesso às atas de votação de todas as mesas de voto e a publicação dos resultados eleitorais. Da mesma forma, foi pedido às autoridades que garantam a investigação completa de quaisquer reclamações pós-eleitorais.
Jesuítas também se posicionam
O Centro Gumilla, que é o Centro de Investigação e Ação Social da Companhia de Jesus na Venezuela, rejeitou o incitamento à “violência e a perseguições políticas”, exortando a percorrer “caminhos de paz, o que exige respeito pela Constituição por parte de todos os cidadãos, organizações, Forças Armadas e poderes públicos.”
Por meio de um comunicado, o Centro Gumilla afirma que “o Conselho Nacional Eleitoral, com transparência, deve garantir aos partidos políticos e a todo o país o acesso a 100% dos registros eleitorais, por estados, municípios e mesas, para verificar e validar se os resultados eleitorais correspondem ao que foi proclamado. Enquanto isto não for esclarecido, não é justo reconhecer aquele que foi proclamado vencedor”.
Também foi lançado um apelo à comunidade internacional para que continue a mediação “para que o processo eleitoral esteja de acordo com a Constituição, que sejam esclarecidas as dúvidas razoáveis sobre os resultados e a verdade prevaleça, mediante auditorias independentes”.