Depois do retorno da visita ao Centro Internacional Juvenil São Lourenço, Bento XVI pronunciou a Oração do Ângelus da janela de seu escritório no Palácio Apostólico no Vaticano.O papa recordou o Evangelho deste domingo, destacando o senhorio de Jesus sobre a vida e a morte, fez um apelo de paz para Terra Santa e convidou os jovens de Roma para participar quinta-feira próxima, 13 de março, de uma Liturgia Penitencial.
Queridos irmaos e irmãs,
Em nosso itinerário quaresmal, chegamos ao domingo, caracterizado pelo Evangelho da Ressurreição de Lázaro. Se trata do último grande “sinal” realizado por Jesus, depois disso os sumo sacerdotes reuniram o Sinédrio e decidiram matá-lo; e decidiram matar até mesmo Lázaro, que era prova viva da divindade de Cristo, Senhor da vida e da morte.
Na realidade, esta página evangélica mostra Jesus qual verdadeiro Homem e verdadeiro Deus. Antes de tudo o evangelista insiste sobre sua amizade com Lazaro e as irmãs Marta e Maria. Ele sublinha que “Jesus os queria muito bem”, e por isso queria cumprir o grande prodígio.
“Nosso amigo Lázaro está dormindo, mas eu vou acorda-lo”,assim falou aos discípulos, expressando com a metáfora do sono o ponto de vista de Deus sobre a morte física: Deus a vê, de fato, como um sono, do qual Ele pode nos acordar. Jesus demonstrou um poder absoluto no confronto com esta morte: isso pode ser visto quando doa a vida ao jovem filho da viúva de Nain e á menina de doze anos. Sobre a menina disse: “Não morreu, mas dorme”, causando a agitação dos presentes. Mas na verdade é exatamente assim: a morte do corpo é um sono do qual Deus nos pode acordar a qualquer momento.
Este senhorio sobre a morte não impediu Jesus de experimentar sincera com-paixão pela dor da separação. Vendo chorar Marta e Maria e todos os que tinham vindo para consola-las, também Jesus “se comoveu profundamente”, se preocupou e enfim “Jesus chorou”. O coração de Cristo é divino-humano: n’Ele Deus e Homem se encontraram perfeitamente, sem separação e sem confusão. Ele é imagem, antes, a encarnação de Deus que é amor, misericórdia, ternura paterna e materna, do Deus que é Vida.
Por isso declarou solenemente a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, mesmo se morrer viverá; todo o que vive e crê em mim, não morrerá eternamente”. E acrescenta: “Crês nisto?”.Uma pergunta que Jesus dirige a cada um de nós; uma pergunta que certamente vai além, além da nossa capacidade de compreender, e nos pede para confiar n’Ele, como Ele confiou no Pai. Exemplar é a resposta de Marta: “ Sim, oh Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que deve vir ao mundo”. Sim, oh Senhor! Também nós cremos, apesar de nossas dúvidas e nossas obscuridades; cremos em Ti, porque Tu tens palavras de vida eterna; queremos crer em Ti, que nos dás uma esperança confiável de vida além da vida, de vida autêntica e plena em teu Reino de luz e de paz.
Confiamos esta oração a Maria Santíssima. Possa sua intercessão reforçar a nossa fé e a nossa esperança em Jesus, especialmente nos momentos de maior prova e dificuldade.
Depois do Ângelus:
Nos dias passados, a violência e o horror ensangüentaram novamente a Terra Santa, alimentando um espiral de destruição e morte que parece não ter fim. Convido vocês a rezarem com insistência ao Senhor Onipotente o dom da paz para aquela região, desejo confiar à sua misericórdia as tantas vítimas inocentes e expressar solidariedade às famílias e aos feridos.
Encorajo, também, as autoridades israelenses e palestinas em seu propósito de continuar a construção, através de negociações, um futuro pacífico e justo para seus povos e a todos peço, em nome de Deus, deixem os caminhos tortuosos do ódio e da vingança e percorram com responsabilidade caminhos de diálogo e confiança.
É isto que desejo também para o Iraque, apesar de estarmos apreensivos ainda pela sorte de Sua Excelência Dom Rahho e de tantos iraquianos que continuam a sofrer uma violência cega e absurda, certamente contrária à vontade de Deus.
Quinta-feira próxima, 13 de março, ás 17.30, irei presidir na Basílica São Pedro uma Liturgia Penitencial para os jovens da Diocese de Roma. Será um momento forte de preparação à XXIII Jornada Mundial da Juventude, que celebraremos no Domingo de Ramos e que culminará em julho próximo com o grande encontro em Sydney.
Queridos jovens de Roma, convido todos vocês para este encontro com a Misericórdia de Deus! Aos sacerdotes e responsáveis recomendo que favoreçam a participação dos jovens fazendo próprias as palavras do apóstolo Paulo: “Nós agimos como embaixadores de Cristo: deixai-vos reconciliar com Deus”.
Ao final da Oração o papa fez uma saudação em língua portuguesa:
Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente o grupo de brasileiros presentes em Roma, a todos desejando frutuosa caminhada quaresmal que vivifique e robusteça sua confiança em Cristo, único Salvador do mundo. Sobre vós e vossas comunidades de origem e destino, a minha Bênção.