Acolhida e escuta

Atenção a sinais é fundamental para prevenir suicídio, afirma psicóloga

No Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, entenda que fatores podem levar alguém a tirar a própria vida e como é possível prevenir isso com acolhida e escuta

Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: charliepix via Canva

A vida é um dom precioso que precisa ser promovido e cuidado mesmo quando fragilizado pelos mais diversos fatores. Em casos extremos, algumas pessoas sem esperança podem acabar atentando contra a própria vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio leva mais de 720 mil pessoas todos os anos à morte. É também a terceira principal causa de óbito entre jovens de 15 a 29, configurando-se como um problema que demanda atenção especial.

Para prevenir essa prática, diversas iniciativas são promovidas em todo o mundo. A campanha “Setembro Amarelo”, que surgiu nos Estados Unidos em 1994 e teve sua primeira edição realizada no Brasil em 2015, é uma das mais conhecidas.

Após 10 anos dessa iniciativa no país, a Lei 15.199/2025, publicada nesta terça-feira, 9, oficializou a campanha em todo o Brasil. Além disso, instituiu o dia 10 de setembro como Dia Nacional de Prevenção do Suicídio (a data já era comemorada a nível mundial desde 2003) e o dia 17 do mesmo mês como Dia Nacional de Prevenção da Automutilação.

Atenção aos sinais

Thaís Ribeiro / Foto: Arquivo pessoal

Essas ações de cuidado não são à toa. Segundo a psicóloga Thaís Ribeiro, o suicídio não acontece de forma repentina, mas é um processo que geralmente envolve sofrimento intenso e a sensação de que não há outras saídas possíveis. Neste contexto, trata-se de um processo que pode ser prevenido.

“A pessoa pode passar por estágios como desesperança, isolamento, perda de sentido e uma visão muito estreita da realidade, onde não consegue enxergar alternativas e, por isso, estar atento a esses sinais é fundamental para a prevenção”, explica a psicóloga.

Ela comenta que não existe uma causa única para o suicídio: normalmente, ele resulta de uma combinação de fatores, como depressão, transtornos de ansiedade, uso abusivo de substâncias, histórico de violência ou traumas e dificuldades de relacionamento. Além disso, as redes sociais podem agravar o problema quando o indivíduo se compara excessivamente, sofre cyberbullying ou depara-se com conteúdos que reforçam sentimentos de inadequação.

Neste contexto, Thaís cita alguns “sinais” dados por alguém que está passando por dificuldades e pensa em tirar a própria vida. Postagens de despedida, mensagens de desesperança, falas sobre morte ou frases que indicam cansaço de viver, além de mudanças bruscas no comportamento on-line, podem indicar que o indivíduo vive uma fase difícil e precisa de ajuda.

Estar presente e oferecer ajuda

Para além do mundo virtual, a psicóloga cita como comportamentos importantes de observar: isolamento repentino, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, alterações no sono ou na alimentação, descuido com a própria aparência e falas frequentes de desesperança. “Perceber esses sinais e se aproximar com escuta, empatia e sem julgamentos é fundamental”, ressalta.

“Enviar uma mensagem de apoio, perguntar diretamente como a pessoa está e, se possível, encorajá-la a buscar ajuda profissional pode fazer diferença”, indica Thaís. Ela define ainda como essencial o apoio da família e de pessoas próximas. “Muitas vezes, quem sofre não consegue pedir ajuda por medo de ser um peso ou de não ser compreendido. O que pode ser feito é mostrar disponibilidade genuína para ouvir, sem pressa e sem críticas”, pontua.

“Uma tentativa de suicídio é sempre um pedido de socorro”, afirma a psicóloga, acrescentando que “é importante que essa pessoa se sinta acolhida, compreendida e não julgada”. Dessa forma, o apoio contínuo da família e de amigos faz toda a diferença. “Mais do que nunca, é preciso que essa pessoa perceba que não está sozinha”, conclui a psicóloga.

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