A Associação Patriótica Católica da China (APC) saudou esta segunda-feira as "boas intenções" de Bento XVI, dois dias após a divulgação de uma carta na qual o Papa pede uma "autêntica liberdade religiosa" no país.
"A carta do Papa destaca as suas boas intenções", declarou à AFP o vice-presidente da APC, Liu Bainian, ligado ao Partido Comunista Chinês.
No Sábado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China pediu à Santa Sé que não crie novos obstáculos na melhoria da relações bilaterais. Para o restabelecimento de relações diplomáticas, a China exige que o Vaticano deixe de reconhecer Taiwan como país independente (obtendo aparentemente o consentimento do Vaticano, neste ponto) e que o Vaticano aceite também a nomeação dos bispos chineses por parte da APC controlada pelo Estado. Nesta questão, contudo, a posição da Santa Sé tem-se mantido inalterável.
Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica "clandestina", ligada ao Papa e fora do controle de Pequim, conta mais de 8 milhões de fiéis.
Esta Associação foi criada em 1957, para evitar “interferências estrangeiras”, em especial do Vaticano, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado. A partir da década de 80 do século passado, a APC passou a procurar a aprovação do Vaticano para os seus Bispos, em segredo.
O Pe. Federico Lombardi, director da sala de imprensa da Santa Sé, disse este Domingo que o Papa não quer entrar em confronto com a China, apesar de se referir aos ataques à liberdade dos cristãos.
"Embora o caminho para uma normalização das relações entre a Santa Sé e a China não seja tema da carta, é claramente desejável estabelecer um diálogo sobre problemas concretos", referiu este responsável, citado pela imprensa italiana.