Europa

Assembléia ecumênica marca momento histórico para os cristãos

A cidade romena de Sibiu acolhe, a partir de hoje, os participantes na III Assembléia Ecumênica Européia, um momento histórico para o diálogo entre os cristãos, onde serão discutidos problemas e desacordos.

Cerca de 3000 participantes das Igrejas e confissões cristãs da Europa, incluindo uma representação portuguesa, promovem até o próximo dia 9 uma grande festa do ecumenismo, à volta do tema "A Luz de Cristo ilumina todos. Esperança de renovação e unidade na Europa".

Depois das experiências de Basiléia (1989), cidade com marca protestante, e de Graz (1997), localidade de maioria católica, chega a hora de uma cidade de tradição ortodoxa receber a assembléia magna do ecumenismo europeu, que abordará diversos temas, da espiritualidade à ecologia, passando pelo diálogo com as outras religiões, a construção européia, a paz e a justiça.

Esta Assembléia é fruto de um percurso iniciado pelas Igrejas cristãs da Europa no ano passado, tendo percorrido duas localidades simbólicas, Roma e Wittemberg, e cada um dos países participantes.

Os cristãos de toda a Europa são chamados a percorrer um caminho comum que os leve a aprofundar "a confiança e a compreensão recíprocas, vivendo, trabalhando e rezando em conjunto".

Este é o desafio lançado pela "Carta aos cristãos da Europa", documento conclusivo da terceira etapa de preparação para a III Assembléia Ecumênica Européia (AEE3), que se desenrolou em Wittenberg (Alemanha), localidade históricamente ligada aos nascimento do Luteranismo.

A iniciativa, organizada pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE, 34 organismos episcopais católicos) e pela Conferência das Igrejas Européias (KEK, 150 Igrejas ortodoxas, protestantes, anglicanas e vetero-católicas), recolheu as conclusões dos trabalhos efetuados a nível local, regional e nacional para preparar o grande encontro de Sibiu.

As comunidades cristãs são convidadas a "superar o medo e a desconfiança", nesta "peregrinação da luz" que é proposta aos seguidores de Jesus Cristo na Europa, para superar "a escuridão das incompreensões". Depois de uma história de "suspeitas e inimizades", as várias comunidades eclesiais são chamadas agora a unirem-se na oração, "trabalhando para levar a justiça e a esperança" à Europa.

A Igreja Católica portuguesa envia a Sibiu uma delegação oficial de 15 pessoas, liderada por Dom Manuel Felício, membro da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo.

Em declarações à Agência Ecclesia, este responsável indica que os assuntos propostos para a III AAE, na Romênia, são muito "concretos e de uma grande atualidade". A construção da Europa é um assunto comum a todos os cidadãos, onde os cristãos têm um contributo a dar. A promoção do diálogo inter-cultural e inter-religioso, "pois sem ele não se consegue uma paz com bases sólidas"; o respeito pela ecologia, "considerando a natureza como o espírito de Deus é comum a todos", a pobreza, a justiça, a globalização "são questões que a fé pede que nos pronunciemos".

Esta é uma oportunidade que segundo o membro da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo "devemos aproveitar por razões internas de vivência da fé, não porque há uma Assembléia Ecumênica. Não se pode estar parado perante problemas concretos".

Estes temas têm de comprometer todas as comunidades cristãs, "pois há valores de fundo onde precisamos estar empenhados como atores sociais e em nome da fé que partilhamos". O compromisso pessoal tem de ser efetivo, pois "a fé obriga a encontrar caminhos concretos de aplicação na nossa situação". Não é algo teórico, mas é na vida prática que vamos manifestar as preocupações. "Estou muito esperançado que os caminhos de cooperação entre nós, vão ser concretizados".

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