Em carta, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais do Vaticano incentivou os fiéis a contribuírem com a coleta “pro Terra Sancta” que será realizada na Sexta-feira da Paixão
Da redação, com Vatican News
“Cristo se identifica com a agonia e o sofrimento daqueles que, na história, parecem não conhecer nada a não ser uma interminável Sexta-feira Santa: pessoas que vivem na solidão, na guerra e na fome, rejeitadas e abandonadas”. É o que escreve o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, cardeal Leonardo Sandri, na carta para a coleta “pro Terra Sancta” que se realiza na Sexta-feira da Paixão, em todas as Igrejas do mundo, por vontade do Papa Paulo VI.
A coleta faz parte das atividades promovidas pela Custódia Franciscana da Terra Santa a fim de conservar e revitalizar os lugares sagrados do cristianismo na Terra de Jesus e em todo o Oriente Médio. São confiados à missão franciscana o apoio e o desenvolvimento da minoria cristã, a valorização das áreas arqueológicas e dos santuários, a contribuição nos casos de emergência, bem como a liturgia nos lugares de culto, obras apostólicas e assistência a peregrinos.
Na carta, Dom Sandri ressalta que a Terra Santa, e de modo particular a comunidade cristã que ali reside, teve sempre um lugar importante e especial no coração da Igreja Universal. Ao recordar São Paulo, o cardeal afirma que no momento em que a Igreja se compromete a expressar a própria solidariedade, também econômica, com Jerusalém, cumpre um ato de restituição: “de Jerusalém toda a Igreja recebeu o dom e a alegria do Evangelho e da Salvação em Cristo Jesus”. “A consciência do dom recebido motiva, ainda, a doar com alegria e generosidade”, frisa o purpurado.
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O prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais relembra as duras provações vividas pela Igreja na Terra Santa e em todo o Oriente Médio, ao longo dos séculos. “Provações essas que continuam: a tragédia da contínua e progressiva redução do número dos fiéis locais, com o consequente risco de ver desaparecer as diversas tradições cristãs que remontam aos primeiros séculos”.
O cardeal prosseguiu: “Longas e desgastantes guerras produziram e continuam causando milhões de refugiados condicionando, fortemente, o futuro de inteiras gerações, que se veem privadas dos bens mais elementares como o direito a uma infância serena, a uma instrução escolástica organizada, a uma juventude dedicada à procura de um trabalho, à formação de uma família, à descoberta da própria vocação, a uma vida adulta produtiva, digna, e a uma terceira idade serena”.
Nesse contexto difícil, a Igreja continua trabalhando na salvaguarda da presença cristã e no dar voz a quem não a tem, sublinha o cardeal Sandri. O purpurado alegou que esta salvaguarda se realiza no âmbito da pastoral e da liturgia, algo que considera fundamental para a vida das pequenas comunidades. O trabalho é realizado de modo sério, na promoção de uma educação de qualidade através de escolas, que são fundamentais para a identidade cristã, e na construção de uma convivência fraterna, especialmente com os muçulmanos, segundo as indicações contidas na Declaração de Abu Dhabi, apontou.
Segundo o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, a Igreja continua, graças à generosidade dos fiéis de todo o mundo, colocando à disposição casas para os jovens que desejam formar uma nova família, como também, criando oportunidades de trabalho. “Provê ainda, a uma ajuda material concreta nos lugares onde existe pobreza contínua, como também, às necessidades de saúde e emergência humanitária ligada ao fluxo de refugiados e de trabalhadores migrantes estrangeiros”.
O cuidado pelos Santuários seria impossível manter sem a coleta feita para a Terra Santa, explicou o cardeal. Dom Sandri reafirma que há uma importância fundamental nestes locais, seja porque conservam a memória da revelação divina, do mistério da encarnação e da Redenção, seja porque são lugares onde a comunidade cristã local encontra o fundamento da sua própria identidade. Graças à presença dos santuários, a comunidade cristã local encontra um trabalho digno, acolhendo milhões de peregrinos, cada vez mais numerosos, que visitam os Lugares Santos.