Durante Ano da Misericórdia, todos os padres estão autorizados pelo Papa a perdoar pecado do aborto; confessor em Roma explica o que muda na prática
Catarina Jatobá
Enviada especial a Roma
O Ano da Misericórdia instituído pelo Papa Francisco quer que todos possam experimentar a misericórdia de Deus. Até mesmo situações mais delicadas, como a questão do aborto, poderão ser perdoadas com mais facilidade.
Na carta em que concedeu a indulgência plenária por ocasião do Ano Santo, Francisco autorizou todos os sacerdotes a perdoarem esse pecado. Essa é uma tarefa que hoje é realizada por bispos, que também podem delegá-la a penitenciários de algumas basílicas e santuários.
“O drama do aborto é vivido por alguns com uma consciência superficial, quase sem se dar conta do gravíssimo mal que um gesto semelhante comporta. Muitos outros, ao contrário, mesmo vivendo este momento como uma derrota, julgam que não têm outro caminho a percorrer”, lamentou o Pontífice.
Frei Alexandre Donizete Cortez, Carmelita da Ordem do Carmo, esclarece o que muda, na prática, neste tempo jubilar no que diz respeito à absolvição do pecado do aborto. Confessor da Igreja de Santa Maria de Intraspontina, em Roma, ele explica que os sacerdotes podem absolver determinados pecados, mas em alguns casos é necessária uma autorização. O aborto é um deles. Neste caso, explica Frei Alexandre, o padre precisa ter a autorização do bispo para dar a absolvição.
“O que muda no ano jubilar? É que agora, a partir do dia 8 de dezembro, até o final do Ano Jubilar (20 de novembro de 2016) não é preciso a autorização o bispo. O Papa já está dando esta autorização a todos os sacerdotes, aonde quer que esteja, ele é autorizado a perdoar o pecado do aborto”, explicou Frei Alexandre.
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Fora do contexto do Jubileu, existem também algumas exceções; há padres que não precisam da autorização do bispo para absolver o pecado do aborto. Trata-se dos sacerdotes de algumas ordens antigas (como os carmelitas da Ordem do Carmo) que, ao serem ordenados, já recebem esta autorização, além dos padres confessores, os chamados “penitencieiros”.
Na opinião do Frei Alexandre, esta decisão do Papa Francisco expressa a vontade de Deus, que é a de que todos participem do Sacramento da Reconciliação e, assim, o perdão de Deus não encontre limites.
“O pecado do aborto, muitas vezes traz na alma da mulher uma mágoa imensa, uma dor profunda. Então o que o Papa quer é que esta angústia no peito seja sanada no Ano da Misericórdia”, concluiu Frei Alexandre.