Peregrinos contam como foi a experiência de passar pela Porta Santa na Basílica de São Pedro na abertura do Ano da Misericórdia
Catarina Jatobá
Enviada especial a Roma
A imagem do Papa Francisco abrindo as portas da Basílica de São Pedro, no Vaticano, certamente marcou a abertura do Ano da Misericórdia. O momento pôde ser acompanhado em todo o mundo pelos meios de comunicação, e também pelos milhares de peregrinos que estavam presentes na Praça São Pedro.
Para a Irmã Kupita Mier, do México, este foi um momento de graça não apenas de forma pessoal, mas para toda a Igreja Católica.
“É o momento em que novamente o Senhor nos dá Sua Misericórdia, nos abre não só a Porta física desta grande basílica, mas a porta dos corações de todos aqueles que pedem, com uma atitude de reconciliação, de fé, de amor, para partilhar com os semelhantes”.
Luizella Rolle, italiana de Turim, foi uma das primeiras pessoas a atravessar a porta da Misericórdia na Basílica de São Pedro. Desejo que era dela e também do seu marido, que faleceu há dois anos.
“Foi uma emoção fortíssima, um sentimento que não sei como explicar. Vir aqui foi também uma forma de cumprir o desejo dele. E eu pedi ao Senhor a força de seguir em frente, de ter a serenidade que preciso, para superar esta dor da falta do meu esposo”.
A brasileira Sâmia Maria Barros de Almeida, que é da “Jovem missão” da Comunidade Shalom, participou da cobertura do evento, e se disse tocada pelo chamado de Francisco.
“O convite do Papa para sermos ‘pais de misericórdia’ é um grande desafio e ao mesmo tempo um convite muito especial, de experimentar a misericórdia de Deus como aqueles que são verdadeiros instrumentos dessa misericórdia, desse amor. E foi aquilo que Nossa Senhora fez, de dizer sim para ser a Mãe de Deus, como um sair de Si para ir ao encontro da humanidade, de todos nós. Para mim, é um ano de graças e também uma grande honra estar em Roma neste tempo, e participar desta celebração”.
A celebração contou com a presença em massa de cardeais, bispos e sacerdotes de vários países. Um deles foi o Mons. Élie Zouein, Maronita que atua como capelão do exército canadense.
“É maravilhoso ver as pessoas aqui para rezar pedindo a misericórdia de Deus, pedindo a paz e o amor, para viver em harmonia e paz em todo o mundo. É o que precisamos”, salientou o bispo maronita.
Dom Antonio Carlos Altieri, Arcebispo emérito de Passo Fundo/RS, em entrevista ao Portal Canção Nova, enfatizou as palavras do Papa Francisco sobre o Concilio Vaticano II. Na homilia, o Santo Padre afirmou que este marco proporcionou “um grande progresso que se realizou na fé” e foi “um verdadeiro encontro entre a Igreja e os homens do nosso tempo”.
“No Concílio Vaticano II, cujo cinquentenário nós estamos celebrando, o Espírito Santo chacoalhou a Igreja para que ela saísse de si mesma e fosse ao encontro do mundo, se inserisse na sociedade. E depois de 50 anos, esse Ano da Misericórdia quer intensificar ainda mais, quer lembrar essa missão de sermos sinais e portadores do amor de Deus para o mundo, para aqueles que não conhecem, foi para estes que Jesus veio”, destacou Dom Altieri.
Ano da Misericórdia: Tempo de retorno ao Senhor
O arcebispo emérito de Passo Fundo ressaltou ainda o convite do Papa Francisco à Igreja, para que cada fiel faça uma experiência de retorno ao Senhor com a misericórdia, através da confissão e de uma conversão pessoal.
“Ele nos disse desde o início do seu pontificado, ‘Deus não se cansa de perdoar, nós é que nem sempre acreditamos nisso, e o medo, a desconfiança dessa misericórdia de Deus é que é pecado, é falha nossa. Mas vamos crescer nesta confiança, fazendo a experiência e divulgando a bondade de Deus no mundo, e sendo sinais críveis àqueles que mais precisam”.
O que é aberto na Terra é aberto no Céu
A abertura da Porta Santa, mais do que um momento simbólico, é, de fato, um tempo de graça para a Igreja Católica, tempo em que se abrem também nos céus as Portas da misericórdia. O africano Collins Jember, de Camarões, depois de atravessar a porta da Basílica de São Pedro relembrou o poder que Jesus deu ao apóstolo Pedro, primeiro Papa da Igreja, de ligar a realidade terrena à celestial.
“Eu acredito que o Papa tem o poder para isto. E quando ele inicia algo na Terra também é iniciado no céu. Aquilo que ele abre na Terra é aberto também no Céu. É nisso que eu acredito”.