Cardeal Maradiaga afirma em Painel que Assembleia não pode ser um diálogo de intelectuais ou aristocracia religiosa
Da redação, com Assessoria de Imprensa – Assembleia Eclesial
Uma análise pastoral das circunstâncias que conduziram à realização da Assembleia Eclesial foi o tema que ocupou os convidados do painel intitulado “O caminho da Assembleia Eclesial”, nesta terça-feira, 23.
Um espaço dedicado à reflexão e dissertação com a participação do Arcebispo de Tegucigalpa, Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, o coordenador do centro de programas e ação pastoral de Celam, Mauricio López e a teóloga Ir. Birgit Weiler.
Cada um deles, da sua perspectiva pastoral e acadêmica, ofereceu contribuições para a reflexão durante o primeiro dia da Assembleia Eclesial.
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A Assembleia Eclesial
No seu discurso, o Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga resumiu o processo que levou a Igreja continental a optar por uma assembleia eclesial que acolhesse o convite do Papa para procurar novos caminhos, tomando como ponto de referência a experiência do Sínodo Especial para a Amazônia e o dinamismo que a participação das comunidades e dos povos nativos lhe trouxe.
O CELAM, empenhado nesta iniciativa, conduziu a Assembleia Eclesial que, por meio do processo de escuta, gerou uma visão contemplativa e compassiva da realidade a ser assumida do ponto de vista da misericórdia. Deste modo, foram feitos progressos no sentido do diálogo com a esperança de discernir em unidade, vivendo a realidade para além de justificações ou qualificações; mas acima de tudo, sendo claro que a Assembleia não pode ser um encontro de intelectuais ou de uma espécie de aristocracia religiosa, pelo contrário, deve acolher todos na mesma proporção.
O convite do Cardeal é para se deixar motivar pelo apelo do Papa Francisco para trabalhar com coragem e bravura, para reconectar as cinco conferências gerais do episcopado e a exigência de fazer uma verdadeira pedagogia da sinodalidade, que é entendida como um modo de vida que ainda parece desconhecido e irritante para aqueles que preferem manter as estruturas atuais ou uma luz de esperança quando sonham com uma Igreja de portas abertas.
Experiências Pastorais
Após ter tomado conhecimento de todo o processo de preparação da Assembleia e dos seus objetivos, Mauricio López referiu-se às experiências que em diferentes partes do continente lhe permitiram ver que pessoas que, por meio das suas experiências pastorais, podem tornar-se a face concreta da presença viva de Deus que anima e contribui para o crescimento das suas comunidades. São processos que confrontam o coração e o renovam ao ponto de nos fazer ver que os sujeitos são os receptores que dão sentido à sinodalidade.
Estes novos caminhos tornam evidente a presença encarnada de Deus que desperta, renova e confronta o coração.
Retomando as contribuições de Aparecida, recordou as reflexões feitas há 14 anos sobre temas como a piedade popular que, a partir dos santuários, refletem a vida de fé do povo de Deus, para a qual alertou para a necessidade de avaliar os progressos alcançados nestes temas que, para além de ações práticas, exigem uma mudança de mentalidade. Iniciativas que têm sido retomadas pelos esforços de muitas pessoas e corpos eclesiásticos que trabalham com o coração, apesar das dificuldades ou circunstâncias desfavoráveis.
Sinais eclesiais
Finalmente, a Ir. Birgit Weiler destacou a grande variedade de vozes que contribuíram para uma leitura atenta dos sinais do tempo atual na sociedade e dos sinais eclesiais, bem como para o discernimento comunitário destes sinais que representam uma grande riqueza. Isto encontra-se no Documento para o Discernimento Comunitário que reúne elementos centrais da escuta em relação aos sinais dos tempos que foram identificados como prioritários devido às fortes interpelações que nos apresentam, devido à importância que têm para nós nas diversas sociedades da América Latina e do Caribe e devido ao significado que têm para a Igreja, a sua credibilidade e a sua missão neste momento da história.
A Assembleia deve continuar o processo de escuta, advertiu, convidando os membros da Assembleia a ler o Documento para o Discernimento Comunitário numa atitude contemplativa, escutando por meio das vozes daqueles que contribuíram com os diferentes conteúdos, como Deus fala hoje a seu povo, onde o seu Espírito sopra e quais são os novos caminhos para onde o Espírito quer conduzir.