Conflitos no Iraque

"A minha diocese não existe mais", diz bispo iraquiano

Dom Emil Shimoun Nona e  centenas de fiéis fugiram de Mosul durante invasão de militantes islâmicos. Cidade foi tomada pelo Levante Islâmico

Tradução: Liliane Borges
Da Redação, com Rádio Vaticano

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Arcebispo precisou fugir durante invasão de rebeldes / Foto: Asianews

O arcebispo caldeu de Mosul, Dom Emil Shimoun Nona, contou a “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS), nesta sexta-feira, 4, que sua Diocese foi completamente tomada por militantes do Levante Islâmico do Iraque. Dom Nona afirmou que precisou fugir no meio da noite sem levar qualquer  pertence, assim como milhares de pessoas que também precisaram fugir da cidade. As invasões começaram na segunda semana de junho.

O arcebispo, que está no vilarejo de  Kayf, três quilômetros ao norte de Mosul, conta que a Igreja local recebeu todos os refugiados, muçulmanos e cristãos. “É a nossa fé que nos ensina a ajudar e cuidar de todos, sem distinção de fé”, afirmou.

Os refugiados estão abrigados em escolas,  locais pertencentes à Igreja e em algumas casas abandonadas. Cerca de 700 famílias estão no vilarejo de Tall Kayf , e cerca de 650 famílias foram acolhidas na cidade cristã  de Alqosh, 20 quilômetros de  Mosul.

Autoridades informaram que o número total de refugiados é superior a dez mil, e que ainda não há informações dos locais de deslocamento dessas pessoas.

De acordo com o arcebispo, as famílias estão sobrevivendo com o auxílio da Igreja e contribuições dos moradores. Ele conta também que agora o futuro é incerto, pois as famílias não podem voltar para Mosul, que continua sob domínio dos militantes.

“Eu não sei se eles serão capazes de voltar para a casa. A minha diocese não existe mais, o Levante Islâmico a tomou”, conta Dom Nona.

Segundo o arcebispo, os refugiados não são a única emergência. “O avanço do Levante  tem aumentado as tensões entre sunitas e xiitas, fazendo crescer a sensação de insegurança entre os cristãos, que já perderam a confiança em seu futuro nesta terra”, lamenta Dom Nona.

Segundo autoridades eclesiásticas, as esperanças da Igreja estão agora no Curdistão iraquiano,   província semi-autônoma que desde o  início da guerra em 2003, recebe os cristãos refugiados, proporcionando que permaneçam no Iraque.

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