Cerca de um em cada dez estudantes brasileiros é vítima frequente de bullying nas escolas
Da redação, com CNBB
Nesta sexta-feira, 20, recorda-se o Dia Mundial de Combate ao Bullying. A expressão em inglês caracteriza as práticas de agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas, especialmente no ambiente escolar.
A data é um alerta internacional para o problema que afeta muitos jovens. Segundo a UNICEF, braço das Organizações das Nações Unidas para a Infância e Adolescência (ONU), uma em cada três crianças do mundo, entre os 13 e os 15 anos, é vítima de bullying na escola regularmente.
A prática é uma das formas de violência que mais cresce no mundo, alerta a educadora e autora do livro “Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz”, da Editora Verus, Cléo Fante. Segundo ela, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa.
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No Brasil
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, apontou Brasília como a capital do bullying. Segundo o estudo, 35,6% dos estudantes entrevistados disseram ser vítimas constantes da agressão. Belo Horizonte, em segundo lugar com 35,3%, e Curitiba, em terceiro lugar com 35,2 %, foram, junto com Brasília, as capitais com maior frequência de estudantes que declararam ter sofrido bullying alguma vez.
Aproximadamente um em cada dez estudantes brasileiros é vítima frequente de bullying nas escolas. São adolescentes que sofrem agressões físicas ou psicológicas, que são alvo de piadas e boatos maldosos, excluídos propositalmente pelos colegas, que não são chamados para festas ou reuniões. O dado faz parte do terceiro volume do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015, dedicado ao bem-estar dos estudantes.
Atitudes
A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia) sugere as seguintes atitudes para um ambiente saudável na escola:
1) Conversar com os alunos e escutar atentamente reclamações ou sugestões;
2) Estimular os estudantes a informar os casos;- Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema;
3) Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o regimento escolar;- Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos;
4) Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para quebrar a dinâmica do bullying. Todo ambiente escolar pode apresentar esse problema.
Sensibilização e correção fraterna
Segundo o arcebispo coadjutor de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Justino de Medeiros Silva, não se justifica a prática de bullying em qualquer espaço de relações e muito menos nas igrejas. “Quanto mais os membros da Igreja beberem na fonte do Evangelho e se deixarem moldar pelos valores cristãos, menos bullying haverá”, ressaltou.
Nas comunidades e paróquias a primeira atitude, segundo Dom Justino, é a prevenção. “Quando se identificar uma prática de bullying na Igreja será preciso buscar os caminhos fraternos de correção e de acompanhamento da situação para que cesse a prática. É fundamental a sensibilidade dos responsáveis e a urgência no modo de atuação para evitar que alastre entre outros a danosa prática que desrespeita o outro em sua identidade e traços”, disse.