Médicos e cientistas italianos analisam as relíquias de Santa Teresa D’Ávila, cujo corpo permanece incorrupto, na cidade de Alba de Tormes, Espanha
Da redação, com Diocese de Salamanca
O túmulo de Santa Teresa D’Ávila foi reaberto, nesta terça-feira, 27, após ter permanecido fechado por 110 anos. A última vez que o túmulo da religiosa foi aberto foi em 1914. Médicos e cientistas italianos farão um sério estudo sobre as relíquias da santa que estão conservadas no Mosteiro da Anunciação de Nossa Senhora, em Alba de Tormes, diocese de Salamanca, na Espanha.
O bispo de Salamanca, Dom José Luis Retana, foi o encarregado de pedir a aprovação de Roma, para o reconhecimento canônico das relíquias de Santa Teresa de Jesus. Especificamente, o corpo e duas principais relíquias: um braço e o coração.
Os estudos acontecem até sábado, 31, e contam com aprovação do Papa Francisco, através do Dicastério para a Causa dos Santos, do Vaticano. A equipe de médicos e cientistas é chefiada pelo professor Luigi Capasso, que também analisou a relíquia do pé da santa – venerada no convento de Santa Maria de la Scala, em Roma.
Por ocasião do tríduo da Festa da Transverberação do Coração de Santa Teresa, que acontece na diocese de Salamanca, desde o domingo, 25, a relíquia da mão foi trazida do Convento de Ronda para a veneração dos fiéis – ela também será objeto de estudo da equipe científica.
Três etapas
O processo de análise será dividido em três etapas. A primeira acontece entre os dias 28 e 31 de agosto, com a abertura do túmulo e os relicários do coração, braço e mão (trazidos do convento de Ronda).
Uma vez aberto o túmulo, serão realizados estudos de reconhecimento visual, fotos e radiografias. Também será feita a limpeza dos relicários. Assim que esses processos forem concluídos, o túmulo será fechado e a relíquia da mão retornará a Ronda.
A segunda fase do processo será nos laboratórios da Itália e terá duração de alguns meses, onde serão escritos os resultados do estudo e as conclusões científicas.
E por fim, mais uma vez em Alba de Tormes, serão propostas algumas intervenções para a melhor conservação do corpo e das relíquias. Nessa fase, a relíquia da mão, de Ronda, será trazida novamente ao local.
Depois, o túmulo e os relicários serão fechados e selados com a ajuda de ourives. Os responsáveis carmelitas anunciaram ainda que, antes do encerramento definitivo do processo, será realizado um momento para a veneração das relíquias.
Transverberação
A festividade da transverberação foi instituída por Bento XIII em 1726, e recorda a experiência mística que a religiosa teve no Convento da Encarnação de Ávila, quando sentiu seu coração sendo, como que, transpassado por uma lança. Uma experiência que marcou a vida da santa e a levou a fazer um voto especial ao Senhor.
Após a morte da religiosa, uma autópsia revelou que no, coração de Santa Teresa, estava a cicatriz de uma grande e profunda ferida. A festa da “transverberação” de Santa Teresa de Jesus é celebrada pela família carmelita no dia 26 de agosto.
Uma Missa, realizada às 12h30 (hora local), presidida pelo bispo auxiliar de Madri, Dom José Antonio Álvarez Sánchez, e pelo provincial OCD da Província Santa Teresa de Jesús, na Espanha, padre Francisco Sánchez Oreja, contou com a presença da relíquia da mão de Santa Teresa.
Relíquia da mão
Após sua morte, o corpo de Santa Teresa de Jesus foi sepultado em Alba de Tormes. Nove meses após o enterro, ela foi exumada, porque pensaram que o caixão tivesse quebrado e encontraram o corpo incorrupto, como se tivesse morrido recentemente.
Antes de ser enterrada novamente, o padre provincial, Jerónimo Gracián, decidiu cortar a mão esquerda da santa. Atualmente, esta relíquia de primeiro grau encontra-se no convento carmelita de Ronda, em Málaga, Espanha.