No primeiro dia do Mês Missionário no Brasil, Igreja celebra a memória de Santa Teresinha do Menino Jesus, patrona universal das missões católicas
Gabriel Fontana
Da Redação
A Igreja no Brasil comemora, em outubro, o Mês Missionário, em que se recorda que todos podem colaborar com o movimento missionário através da oração e da ação, com ofertas de dinheiro e de sofrimento, com o próprio testemunho. O mês é “aberto” justamente com a celebração da padroeira universal das missões e que conta com uma grande devoção popular no país: Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face.
A santa, que morreu ainda jovem, aos 24 anos, pertenceu à Ordem dos Carmelitas Descalços. Ela ingressou na congregação aos 15 anos, e lá dedicou-se a rezar pela conversão das almas e pelos sacerdotes. Além disso, Teresa nutria em seu coração o desejo de ser missionária e anunciar o Evangelho aos cinco continentes do mundo.
Contudo, a jovem nunca deixou o Carmelo. Isso porque descobriu, no amor, um caminho de perfeição, conforme registra em sua autobiografia, História de uma alma: “no coração da Igreja, serei o amor. Assim, serei tudo, e nada impossibilitará meu sonho de tornar-se realidade”.
Desta forma, Santa Teresinha viveu para sofrer e rezar pelas almas e pelos sacerdotes, cumprindo a sua “vocação ao amor” – à qual todos também são chamados. Diante desta entrega, o Papa Pio XI, responsável por sua beatificação em 1923 e sua canonização em 1925, também a declarou “patrona universal das missões católicas” em 1927.
Profunda intimidade
Pouco mais de um século após sua morte, Santa Teresinha do Menino Jesus conta com os devotos em todo o mundo. Uma delas é a missionária Juliana Cazadei, que é membro da Comunidade Canção Nova desde 2018. Apesar de hoje considerar a jovem francesa sua “melhor amiga no céu”, Juliana conta que nem sempre teve essa devoção pela carmelita.
A missionária relata que conheceu mais profundamente Santa Teresinha em seu primeiro ano na comunidade, quando fazia o pré-discipulado. Em meio aos vários processos e situações que vivia, um irmão a aconselhou, dizendo que ela devia ler História de uma alma. “Eu tive um encontro profundo com Santa Teresinha, com a história dela, eu via a maneira que ela falava da relação dela com Deus, da visão de mundo que ela tinha sobre as coisas, e eu fui me encontrando, foi um encontro de almas”, explica.
Ser missionário
Juliana afirma que a virtude mais encantadora verificada por ela em Santa Teresinha é a confiança em Deus, fruto de uma profunda intimidade com Jesus. Essa conexão levou a francesa a ver a vida sempre à luz da graça de Deus, comenta, aspecto diretamente relacionado à vida de um missionário.
“Ser missionário é ser íntimo de Deus e deixar transbordar essa intimidade naquilo que se faz”, analisa Juliana. Assim deu-se a “pequena via” de Santa Teresinha, que suportava os sofrimentos do dia a dia sempre pensando no amor do Pai. “Ela não se deixou destruir pelo sofrimento, mas foi construída através desse abandono em Deus em meio às cruzes da vida”, completa a missionária.
Assim, Santa Teresinha tornou-se um exemplo para missionários do mundo todo, independentemente das características particulares de cada missão. “Ela viveu em profundidade a conformidade com a vontade de Deus e, estando em um mesmo lugar, alcançou todas as nações. Eu acho que não existe país neste mundo que não tenha um devoto de Santa Teresinha, e acho isso fantástico”, expressa Juliana.
Ela viveu em profundidade a conformidade com a vontade de Deus e, estando em um mesmo lugar, alcançou todas as nações.
– Juliana Cazadei, missionária
Diante dessa história, a missionária não hesita em enaltecer o exemplo de confiança em Deus dado pela jovem francesa: “eu vejo em Teresinha uma conformidade tão profunda com a vontade de Deus, uma confiança tão forte, que isso me faz querer também me abandonar: me dá esperança, me dá vontade de ser santa e deixar Deus agir na minha vida como ela deixou”, exprime a devota.
Espírito apostólico
A Irmã Teresa Margarida do Coração de Jesus, ocd, também foi inspirada por Santa Teresinha, uma vez que sentia-se animada pelo espírito apostólico. Apesar de, em sua juventude, nunca ter pensado em ingressar na vida religiosa, essa revelou-se a sua vocação.
“Estava convicta de que, aplicando totalmente minha capacidade de amar na adoração e na prece, tudo seria assumido, santificado e utilizado para a Redenção do mundo. Sentia que a clausura não isolava as contemplativas da comunhão do Corpo Místico de Cristo, mas as colocava no Coração mesmo da Igreja. Aliás, não podia ser de outro modo, pois quem se doa totalmente a Deus, abre-se ao mesmo tempo para uma dimensão universal de amor desinteressado por todos os homens”, declara a religiosa.
Agir com amor
Recordando o ingresso de Santa Teresinha no Carmelo, a Irmã Teresa Margarida descreve as simples tarefas que se tornaram seu meio de santificação. A jovem francesa não desperdiçava nenhuma ocasião, pequena ou grande, de sacrifício para oferecer pelos sacerdotes, missionários e pela Igreja. “Ao êxtase, prefiro a monotonia do sacrifício”, expressava Teresinha.
Diante desta realidade, a Irmã Teresa Margarida recorda uma frase de São Tomás de Aquino: “quanto mais divino é o princípio do agir, mais meritória é a ação”. A religiosa sublinha que este princípio é válido para todo fiel, membro da Igreja. “Uma dona de casa também poderá ser missionária cumprindo bem seus afazeres de família, realizando-os com amor e zelo apostólico”, exemplifica.
Assim, “cada um de nós, onde quer que vivamos, podemos ser missionários”, comenta a carmelita. “O nosso testemunho de vida deve fazer transparecer o ideal que professamos, propondo-se como sinal vivo de Deus e como persuasiva pregação, ainda que muitas vezes silenciosa, do Evangelho”, completa.
Cada um de nós, onde quer que vivamos, podemos ser missionários.
– Irmã Teresa Margarida, ocd
Por fim, a Irmã Teresa Margarida também anima os missionários que vão anunciar o Evangelho, indicando que podem contar com oração incessante das contemplativas pelos seus frutos dos seus trabalhos apostólicos. “Tenham a certeza de que nunca estão sós”, garante a religiosa, seguindo o exemplo de Santa Teresinha.