A vida em Jerusalém e nas cidades vizinhas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas mudou completamente, especialmente para aqueles que dependiam economicamente dos peregrinos
Da redação, com Vatican News
Željko Barbarić é um frade franciscano, nascido na Bósnia, atualmente atua em Jerusalém. Ele também serve como tesoureiro no mosteiro Terra Sancta College e serve como diretor espiritual em outro mosteiro, o Monastery of Saint Saviour.
Enquanto a guerra entre Israel e Ramas foi adiante, o frade foi testemunha das tristes realidades do conflito e de suas repercurssões sentidas pela população de Jerusalém e nas cidades ao redor. Ainda que na Terra Santa não haja conflito armado, a realidade da guerra está por todos os lados.
“Em Jerusalém, vivemos de forma bastante pacífica e quase, por mais difícil que seja dizer, normalmente. A cerca de cem quilómetros de distância, na Faixa de Gaza, a guerra está em curso. E provavelmente só quem está lá sabe o quão intensa é a guerra e o que está acontecendo no terreno”, diz o frade Zeljko.
Notícias de Gaza chegam a Jerusalém
Algumas das informações que os frades recebem vêm das Irmãs Missionárias da Caridade que servem em Gaza. Elas relatam às suas irmãs em Jerusalém sobre os horrores da guerra que enfrentam todos os dias.
“Ouvi uma história sobre uma mulher da Cisjordânia que está tentando descobrir sobre seu filho, que foi levado por soldados israelenses. Ela não tem nenhuma informação sobre ele há meses — nem onde ele está, se está vivo ou não. Um professor da escola disse que uma criança sequestrada no dia 7 de outubro voltou às aulas depois de um mês e meio”, compartilha o frade franciscano.
Os frades dedicam as sextas-feiras a caminhar pelas ruas de Jerusalém, rezando a Via Sacra pelos que sofrem. “Rezo por todos eles, sem distinção e rezo para que o diálogo seja novamente possível, para que um caminho para a coexistência seja novamente encontrado”, afirma.
Incertezas na Terra Santa
A Cidade Velha de Jerusalém e a economia de Belém, fortemente dependentes dos peregrinos e do turismo, enfrentam desafios significativos devido à guerra. O impacto anterior da pandemia, juntamente com a guerra, levou ao encerramento de hotéis e perturbou a vida quotidiana.
Alguns dos hotéis que recentemente abrigaram peregrinos foram transformados em alojamentos temporários para pessoas que foram evacuadas das zonas próximas da Faixa de Gaza e da fronteira com o Líbano. Além disso, as restrições de viagem entre a Cisjordânia e Israel complicam ainda mais a situação para os trabalhadores que vivem e trabalham em ambos os lados.
Reflexões sobre a guerra
Baseando-se na experiência pessoal da guerra na Croácia e na Bósnia e Herzegovina, Pe. Željko diz que o que mais o magoa é o silêncio, a impotência e a relutância em parar as guerras daqueles que estão no poder para o fazer.
“Quando tudo acaba, percebe-se quantas vítimas poderiam ter sido evitadas”. Enfatiza a perda insubstituível de vidas e diz que “as casas podem voltar a ser construídas, mas vidas perdidas, tantas vidas perdidas, quem irá compensar e quem irá recuperar disso e como?”
Concluindo, Pe. Željko pede orações porque, diz ele, nós, como humanos, não somos bons uns com os outros e precisamos de ajuda. “Precisamos de uma mão que nos levante”, sublinha e apela à intervenção de Deus.
“Estou rezando neste tempo de Advento — venha entre nós. Maranata!”