A chegada do Advento remete os fiéis ao nascimento do Menino Jesus, um momento de renovação da fé, especialmente em tempos de pandemia
Thiago Coutinho
Da redação
A partir deste domingo, 28, a Igreja dá início ao tempo litúrgico do Advento. Um momento de celebração marcante para os fiéis católicos que se preparam para celebrar o Natal, nascimento do Menino Jesus, Salvador da humanidade.
“O tempo do Advento tem esta característica, de acompanhar a Virgem Maria que está grávida e prestes a dar à luz. O menino que ela gera é a esperança encarnada”, explica o padre Daniel Rocha, responsável pela Comissão para a Ação Missionária da CNBB.
“Toda criança traz esperança de vida nova, de renascimento. Neste momento da história que vivemos, a esperança está fragilizada. Mas, agora, talvez seja uma grande e oportuna chance de recuperamos aquilo que é próprio do Advento: a esperança”, pondera o religioso.
Prepare-se
Estes dias de Advento, são um momento de renovação, recorda o sacerdote. Para ele, inclusive, um exercício especial neste tempo é acompanhar a Virgem Maria.
“Imagino cada um dos dias anteriores ao Natal como o dia de uma mulher grávida prestes a dar à luz. Ela está cansada, ansiosa, preocupada, mas cheia de alegria. Neste tempo, eu me proponho a fazer companhia a Nossa Senhora. Espiritualmente falando, quero ser companhia da Virgem Maria”, diz.
Festejar colocando Deus no centro
O Natal também é uma época de festas, que remete à ceia e reuniões familiares tão tradicionais desta época do ano. “Não existe um cristão que não celebre”, afirma padre Rocha. “Celebra a vida, as vitórias, as bênçãos, as graças a que Deus nos concede e também os momentos de crise pelos quais passamos”, acrescenta.
É importante, porém, que o lado espiritual também seja elevado e valorizado. “A festa mais gostosa e mais legítima do ser humano é sentar-se à mesa com algo para comer e beber, e criar comunhão em torno à mesa. Seria bonito que pudéssemos convidar à mesa os mais pobres, que não têm o que comer. Que não seja uma solidariedade de vitrine, de verniz, mas que possamos partilhar e alimentar o outro”, pondera.
Saudade, mas à luz da esperança
Neste contexto ainda de pandemia, embora o Advento seja um tempo de esperança e alegria, a espera dos festejos do Natal pode vir marcada de tristeza e saudade para muitas famílias que tiveram perdas. Este sentimento, porém, pode tomar outros contornos.
Padre Rocha cita o arcebispo estadunidense Fulton John Sheen quando questionado acerca deste tema. “Num de seus livros, este arcebispo é taxativo: Jesus nasceu para morrer. De fato, na manjedoura de Belém, está à sombra da Cruz. Toda a experiência natalina tende à experiência pascal. E esta experiência remete ao sofrimento, morte e ressurreição”, observa.
Por isso, segundo o presbítero, esta é uma oportunidade perfeita para professarmos a fé, acreditar com veemência na ressurreição. “Jesus veio para que todos aqueles que acreditassem não fossem condenados, mas vivessem a vida eterna. O Natal se torna também uma experiência pascal. Sei que o Senhor veio e voltou para rumar às moradas na casa do Pai. Portanto, há o vazio humano, mas esta saudade é iluminada pela fé na ressurreição”, diz.
“Pode haver a lágrima da saudade, o sorriso sem graça, pois existem algumas ausências. Mas há também uma certeza de fé do reencontro. E aquele que vive em Cristo, morreu em Cristo, reinará em Cristo eternamente”, finaliza.