DIPLOMACIA

Temos que manter a ideia de um processo de paz viva, afirma Gallagher

O secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organismos Internacionais, Dom Paul Richard Gallagher, fala sobre os esforços diplomáticos da Santa Sé pela paz na Ucrânia

Da redação, com Vatican News

Dom Paul Richard Gallagher / Foto: Yuri Kochetkov – Pool via Reuters

“A guerra na Ucrânia terminará na mesa de negociações”, disse o arcebispo Paul Richard Gallagher, recordando as palavras do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Por esta razão, continuou Gallagher, os esforços da Santa Sé “visam tentar chegar à mesa de negociações o mais rápido possível”.

O secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais fez as declarações em uma entrevista publicada quarta-feira no jornal italiano La Stampa. A respeito do conflito em curso na Ucrânia, Dom Gallagher disse que a Santa Sé reconhece as dificuldades e os sofrimentos do povo ucraniano, mas destaca a complexidade da situação diplomática. “Temos que manter viva a ideia de um processo de paz”, disse ele.

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Dom Gallagher observou que o Papa Francisco tem trabalhado por uma resolução pacífica para a guerra desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, dizendo que o Santo Padre tem “avaliado continuamente ideias e propostas que podem ajudar a aliviar as tensões no conflito ucraniano e iniciar caminhos para um apenas paz.” Questionado sobre a próxima missão do cardeal italiano Matteo Zuppi à Ucrânia e à Rússia, o arcebispo Gallagher explicou que as especificidades da missão ainda estão sendo estudadas, acrescentando: “Ao mesmo tempo, esperamos e rezamos por uma missão tão delicada, sabendo que a velocidade e o tempo também são muito importantes”.

Relações com a China e o Irã

O arcebispo também respondeu às perguntas sobre o papel de outras nações no conflito e, especificamente, sobre as relações da Rússia com a China e o Irã. “A primeira consideração”, disse ele, “é a posição da Santa Sé de que cabe a qualquer nação, qualquer ator, fazer todo o possível para acabar com esta guerra. Encorajamos todos a fazê-lo.”

Com relação às questões sobre direitos humanos, Gallagher observou que quando a Santa Sé fala sobre essas questões, dirige-se a “toda a comunidade internacional”. Embora algumas declarações possam ter particular relevância em certas questões, a Santa Sé não se expressa de “forma agressiva”, mas prefere “manter a porta aberta mesmo quando é uma situação que pode ser muito difícil para nós”. Ao mesmo tempo, destacou que a principal preocupação da Santa Sé é “o bem-estar das comunidades cristãs e católicas, sua liberdade e suas vidas”.

A necessidade de confiança

A entrevista foi concluída com uma série de perguntas sobre a situação política em Israel e na Palestina, com o arcebispo Gallagher expressando preocupação com o aumento da violência na região. “Lamentamos que isso pareça estar criando mais obstáculos para melhorar a situação política”, disse ele.

O Secretário do Vaticano insistiu que “mais trabalho precisa ser feito para encontrar mais vontade política” para que palestinos e israelenses encontrem um compromisso funcional, acrescentando: “Acho que a maioria das pessoas concorda, como a experiência nos diz, que o necessário é a política dos pequenos gestos, de gestos de confiança, de ganhar confiança. O que falta hoje no mundo entre países e líderes é confiança, e precisamos construí-la”.

“No momento, acho que não temos isso e acho que a comunidade internacional precisa trabalhar nisso”.

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