Rede católica mais de 6 mil membros em todo mundo pede que o combate ao tráfico humano seja combatido com prevenção, advocacia e apoio aos sobreviventes
Da redação, com Vatican News
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Irmã Abby Avelino, da rede Talitha Kum / Foto: Reprodução Youtube
Liderada pela Irmã Abby Avelino, a rede Talitha Kum reúne mais de 6.000 membros em todo o mundo. Seu trabalho abrange continentes, conscientizando, resgatando vítimas e se envolvendo com formuladores de políticas para desmantelar as redes de traficantes e garantir justiça aos sobreviventes. Falando em Roma antes do Dia Internacional de Oração e Conscientização Contra o Tráfico Humano deste ano, a Irmã Abby enfatizou a importância da solidariedade global no combate a esse crime oculto:
“O tema da campanha deste ano é ‘Embaixadores da Esperança, Juntos Contra o Tráfico Humano’. Ele se alinha com o chamado do Ano do Jubileu para sermos Peregrinos da Esperança, lembrando-nos de que todos somos chamados a levar esperança às vítimas e sobreviventes, especialmente mulheres, crianças e jovens vulneráveis”, disse a Irmã.
Irmã Abby ressaltou a crescente sofisticação dos traficantes, tornando o crime mais difícil de ser detectado. “O tráfico de pessoas é um crime oculto, e os traficantes estão se tornando mais difíceis de rastrear. É por isso que campanhas de conscientização, educação e colaboração com governos e organizações são cruciais”, enfatizou.
Sobreviventes liderando a luta
Pauline Akinyu Juma, uma jovem embaixadora de Talitha Kum e fundadora da organização queniana Rebirth of a Queen [Renascimento da Rainha, em tradução literal], conhece os horrores do tráfico em primeira mão. Sua organização capacita sobreviventes de violência sexual e tráfico de pessoas, oferecendo a eles oportunidades econômicas e uma plataforma para compartilhar suas histórias.
“No Quênia, muitos ainda não reconhecem o tráfico de pessoas como uma realidade. Sobreviventes lutam por justiça, e frequentemente enfrentamos ameaças por nosso trabalho”, ela explicou. Seu abrigo atualmente abriga 38 sobreviventes, com recursos limitados para dar suporte a mais. “Sem abrigos financiados pelo governo, as vítimas frequentemente não têm para onde escapar”, ela disse, enfatizando a necessidade urgente de melhores mecanismos de proteção.
Apesar dos desafios, Pauline continua esperançosa. “Quando fundei a Rebirth of a Queen há cinco anos, era para criar um sistema de apoio para sobreviventes. Estar aqui com Talitha Kum, trabalhando juntos em uma estratégia global, nos dá força e esperança”, ela disse.
Uma perspectiva legal: a luta da Romênia
Mario, um ativista legal da Romênia, trabalha para garantir justiça para sobreviventes do tráfico. Ele coordena procedimentos legais para vítimas, colaborando com psicólogos, advogados e autoridades policiais.
“Muitos pensam no tráfico de pessoas apenas em termos de exploração sexual, mas também inclui trabalho forçado, pornografia infantil e mendicância forçada”, ele observou. “Nosso papel é ajudar as vítimas a navegar no sistema legal enquanto defendemos que as instituições sejam mais empáticas e solidárias.”
Um grande obstáculo, ele explicou, é a confiança nas autoridades. “As vítimas confiam em nós, mas lutam para confiar no sistema legal. Precisamos tornar os processos legais mais centrados na vítima, garantindo dignidade e compreensão”, ele disse.
Aumentando a conscientização no Japão
Nana, uma jovem embaixadora mexicana que morou no Japão, trabalha com Talitha Kum em esforços de prevenção, com foco em educação e advocacia.
“No Japão, as vítimas geralmente são migrantes que buscam melhores oportunidades, sem saber dos riscos. Barreiras linguísticas e isolamento tornam ainda mais difícil para elas buscarem ajuda”, ela explicou.
Sua equipe visita escolas e grupos de jovens para educar os jovens sobre os riscos do tráfico. “Em vez de apenas responder a casos de tráfico, trabalhamos na prevenção, para que menos pessoas caiam nessas armadilhas em primeiro lugar”, disse.
Um chamado para ação
À medida que o Dia Internacional de Oração e Conscientização Contra o Tráfico Humano se aproxima, Talitha Kum exorta indivíduos e instituições a irem além das palavras e tomarem medidas concretas.
A mensagem de Pauline é clara: “Nós, jovens, temos tempo e energia para fazer a diferença. Devemos ir além da conscientização e construir uma rede de ação, apoio e advocacia.”
A Irmã Abby ecoou esse sentimento, pedindo unidade na luta contra o tráfico. “Não importa nossa fé ou origem, somos chamados a defender a dignidade humana e ser embaixadores da esperança.”