Em homilia preparada para vigília ecumênica desta sexta-feira, 11, Francisco reflete sobre dom da unidade e exprime vergonha por divisão dos cristãos
Da Redação, com Vatican News
As atividades da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos nesta sexta-feira, 11, foi encerrada com uma vigília ecumênica na Praça dos Protomártires, dentro do Vaticano. A data recorda a abertura do Concílio Vaticano II, há 62 anos, convocado pelo então Papa João XXIII.
A homilia preparada pelo Papa Francisco não foi lida pelo Pontífice, mas entregue aos participantes da vigília. No texto, ele enfatiza que “a unidade dos cristãos e a sinodalidade estão ligadas” e ambas devem ser percorridas através de um caminho ecumênico. Em ambos os processos, prossegue, “não se trata tanto de construir algo, mas sim de acolher e fazer frutificar o dom que já recebemos” a partir da experiência sinodal.
Refletindo sobre a unidade, o Santo Padre aponta que esta é “uma graça” e “um dom cujos tempos e modos não podemos prever”. Ele também indica que “o verdadeiro protagonista não somos nós, mas o Espírito Santo que nos guia para uma maior comunhão”. “Tal como não sabemos de antemão qual será o resultado do Sínodo”, observa, “também não sabemos exatamente como será a unidade a que somos chamados”.
Caminho, harmonia e missão
Outro ensinamento sinodal enfatizado por Francisco é que a unidade é um caminho, amadurecendo durante o percurso. Ela “cresce no serviço recíproco, no diálogo da vida, na colaboração entre todos os cristãos”, explica o Papa, atentando, porém, que o caminho deve ser percorrido “segundo o Espírito (cf. Gl 5, 16-25)”, em uma peregrinação comum “ao ritmo de Deus”.
Confira
.: Cobertura do Sínodo sobre a Sinodalidade
O Pontífice afirma também que a unidade é harmonia, feita da beleza da Igreja através da “variedade dos seus rostos” e no caminho do Espírito Santo. “A unidade não é uniformidade, nem é o resultado de compromissos ou equilíbrios. A unidade cristã é harmonia na diversidade dos carismas suscitados pelo Espírito para a edificação de todos os cristãos”, ressalta.
Por fim, o Santo Padre pontua que, assim como a sinodalidade, a unidade é para a missão. “O movimento ecumênico nasceu do desejo de testemunhar juntos, na companhia dos outros, não afastados uns dos outros ou, pior ainda, uns contra os outros. Neste lugar, os Protomártires recordam-nos que hoje, em muitas partes do mundo, cristãos de diferentes tradições dão juntos a vida por causa da fé em Jesus Cristo, vivendo o ecumenismo do sangue. O seu testemunho é mais forte do que qualquer palavra, porque a unidade vem da Cruz do Senhor”, declara Francisco.
Um testemunho em comum
Na conclusão de sua homilia, o Papa lembra a celebração penitencial realizada antes de iniciar a segunda sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade no dia 1º de outubro. Ele salienta a necessidade de promover “um caminho para a plena unidade em harmonia uns com os outros e com toda a criação”:
“Hoje, exprimimos também a nossa vergonha pelo escândalo da divisão dos cristãos, pelo escândalo de não testemunharmos juntos o Senhor Jesus. Este Sínodo é uma oportunidade para melhorar, para ultrapassar os muros que ainda persistem entre nós. Concentremo-nos no chão comum do nosso mesmo Batismo, que nos impele a ser discípulos missionários de Cristo, com uma missão comum. O mundo precisa de um testemunho comum, o mundo precisa que sejamos fiéis à nossa missão comum”, finaliza o Pontífice.