SÍNODO SOBRE A SINODALIDADE

Após aprovação integral, Papa divulga Documento Final do Sínodo

Em discurso durante sessão de encerramento dos trabalhos da Assembleia Sinodal neste sábado, 26, Pontífice aponta que não publicará exortação pós-sinodal

Da Redação, com Vatican News

Participantes da Assembleia Sinodal posam para fotografia após encerramento da última sessão de trabalhos e aprovação do Documento Integral / Foto: REUTERS/Remo Casilli

Neste sábado, 26, foi aprovado o Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Em seu discurso na ocasião, o Papa Francisco afirmou que não publicará uma Exortação Pós-Sinodal, justificando que o documento já contém “indicações muito concretas” para decisões que envolvem toda a Igreja, “mas que exigem tempo”.

O Pontífice observou que o texto representa “o fruto de anos, pelo menos três”, dedicados à escuta do Povo de Deus, e reflete o propósito de uma Igreja mais sinodal. Além disso, indicou que o Documento Final é um “dom tríplice”: para ele próprio, o Bispo de Roma; para o Povo de Deus; e um dom do Espírito Santo.

Francisco recordou a necessidade contínua de praticar a escuta para guiar a Igreja e sinalizou que o Documento Final deverá ser amplamente partilhado. Embora nem todos possam lê-lo, pontuou, cabe aos líderes locais tornar acessível o seu conteúdo nas igrejas, oferecendo um impulso para testemunhar que é possível “caminhar juntos na diversidade” por meio de processos de escuta, de diálogo e de reconciliação.

“Basta o que foi aprovado”

Prosseguindo, o Papa Francisco salientou que o documento é um convite para dar “forma real ao convívio das diferenças” e para a Igreja tornar-se um testemunho vivo de paz em tempos de guerra. Ainda que seja necessário tempo para amadurecer algumas decisões, tal atitude reflete o “estilo sinodal”, que inclui momentos de pausa, silêncio e oração.

“É um estilo que estamos aprendendo juntos, um pouco de cada vez. O Espírito Santo chama-nos e sustenta-nos nesta aprendizagem, que devemos compreender como um processo de conversão”, observou o Pontífice.

Na sequência, declarou que não pretende publicar uma exortação apostólica, pois basta o que foi aprovado. “No Documento, já existem indicações muito concretas que podem ser de guia para a missão das igrejas, nos diferentes continentes, nos diferentes contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos. Por isso, eu disse que deve ser publicado. Quero, assim, reconhecer o valor do caminho sinodal realizado, que por meio deste Documento entrego ao santo povo fiel de Deus”, expressou o Santo Padre.

Sobre o Documento Final

O Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos tem 155 parágrafos e foi aprovado integralmente. Diante do encerramento da Assembleia, inicia-se a fase de implementação, que dá continuidade ao processo sinodal envolvendo todos no “caminho cotidiano com uma metodologia sinodal de consulta e discernimento, identificando modos concretos e percursos formativos para realizar uma tangível conversão sinodal nas várias realidades eclesiais” (9).

De forma particular, é solicitado aos bispos um compromisso intenso em relação à transparência e à prestação de contas, enquanto seguem em andamento trabalhos para dar mais espaço às mulheres.

Duas palavras-chave emergem do texto permeado pela perspectiva e pela proposta de conversão : “relações”, que é uma maneira de ser Igreja, e “vínculos”, no sentido de um “intercâmbio de dons” entre as Igrejas, vivido de forma dinâmica e, assim, para converter os processos. Justamente as Igrejas locais estão no centro do horizonte missionário, que é o próprio fundamento da experiência de pluralidade da sinodalidade, e, nessa perspectiva, a concretude de estar enraizados em um “lugar” emerge com força no Documento Final.

Composição do Documento Final

O Documento Final é composto por cinco partes. A primeira é intitulada “O coração da sinodalidade”. A segunda, nomeada “Juntos, na barca de Pedro”, é “dedicada à conversão das relações que edificam a comunidade cristã e dão forma à missão na intersecção de vocações, carismas e ministérios”.

A terceira parte, “Sobre a tua Palavra”, “identifica três práticas intimamente interligadas: discernimento eclesial, processos decisórios, cultura da transparência, da prestação de contas e da avaliação”. A quarta parte, por sua vez, é intitulada “Uma pesca abundante” e “delineia a forma como é possível cultivar, de maneira nova, o intercâmbio de dons e o entrelaçamento de vínculos que nos unem na Igreja, em um tempo em que a experiência de enraizamento em um lugar está mudando profundamente”. Por fim, a quinta parte, nomeada “Também eu vos envio”, “permite olhar para o primeiro passo a ser dado: promover a formação de todos para a sinodalidade missionária”.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo