Em visita ao Brasil, Phillip Ozores celebrou os 75 anos da entidade — sendo 25 deles no país — e, entre outros temas, lamentou a perseguição dos cristãos em algumas partes do mundo
Thiago Coutinho
Da redação, com colaboração de Danusa Rego
“Aid to the Church in Need” (ACN) ou, em português, “Ajuda à Igreja que Sofre” (AIS). Esta é a entidade que atua há 75 anos em todo o mundo, prestando auxílio aos cristãos e fiéis que se encontram em situação de risco e perseguição. Em visita ao Brasil, o secretário-geral da entidade, Phillip Ozores, comentou diversos assuntos pertinentes ao trabalho da AIS, bem como temas recorrentes e importantes ao mundo, como a recente guerra em solo ucraniano e a intolerância religiosa em algumas partes do globo.
Questionado acerca da situação da Ucrânia e a ajuda proporcioanada pela AIS, o secretário-geral foi enfático: apesar de não esperarem por esta guerra, a entidade está disposta a levar ajuda ao máximo de pessoas possível. “Tem sido um privilégio da AIS ajudar a estes cristãos. Estamos muito próximos aos bispos e sacerdotes do país. Eles precisam de fundos, sobretudo para ajudar aos refugiados. Lançamos uma campanha mundial para ajudá-los e espero, inclusive, ajuda dos irmãos brasileiros”, explicou.
Ozores acredita que não só a AIS, mas todo o povo cristão pode levar uma mensagem de paz e tranquilidade aos ucranianos, inclusive neste momento, que o secretário-geral avalia como o mais grave na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. “Estamos todos muito comovidos com as mensagens que chegam. Precisamos nos unir em torno da oração, como pede o Papa Francisco”, salientou.
Clamor por quem sofre
Ozores reforçou ainda que o atual momento pede também muitos cuidados com aqueles que encontram dificuldade em professar a fé — especialmente os cristãos mundo afora. “Penso que todos fazem parte de nossa obra. Muitos sofrem com a perseguição religiosa em cada vez mais países. Estes cristãos trazem uma alegria junto à sua fé e não ao bem-estar material. Eles são uma inspiração para mim”, ponderou.
A perseguição religiosa tem sido vista em muitas regiões do planeta, afirmou Ozores. Levantamentos da AIS apontam que 30 países, entre eles China, África, Índia e Oriente Médio, são os que mais registram casos de opressão religiosa. “Esta discriminação cresce em locais em que não havia antes, como na Índia. Temos Estados falidos, como na África, em que há uma mistura de violência perpetrada pelo terrorismo, financiados pelo Estado Islâmico”.
A China, segundo Ozores, é um dos casos mais preocupantes em se tratando de perseguição religiosa. “Existem câmeras em cada igreja, todos os sacerdotes são controlados. Para ser um cristão lá, você precisa ser muito corajoso. E esta situação só tende a piorar”, lamentou.
A Igreja em números
Ozores também comentou um recente dado apontado pelo Anuário de Estatística da Igreja: houve aumento no número de católicos, mas queda no número de sacerdotes. Para o secretário-geral, este acréscimo e esta queda podem variar em cada região do mundo. “Por isso, também estamos organizando uma campanha direcionada à ajuda aos seminaristas, cujo lema será ‘O seu chamado também é o nosso'”, detalhou o secretário-geral. “Muitos deles vêm de famílias humildes e o caminho para o sacerdote é muito difícil”, pontuou.
A AIS se prontifica a ajudar esses jovens sacerdotes e religiosos, ressaltou Ozores.
Duas décadas e meia no Brasil
A AIS celebra 75 anos. Seu escritório no Brasil funciona há um quarto de século — os brasileiros representam 10% dos benfeitores que ajudam a AIS em todo o planeta. “A fé brasileira, a alegria, a emoção, a cultura são grandes inspirações para todos nós. Vocês fazem parte do nosso coração e de nossa identidade, nos faltaria muito se não tivéssemos o Brasil”, finalizou Ozores.
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