Professor católico membro do Apostolado de São Rafael explica detalhes da tradicional oração ao anjo da guarda, ensinada por pais e avós católicos
Julia Beck
Da Redação

Foto: Canva
A oração do “Santo Anjo” é a primeira aprendida por muitos católicos, ainda pequenos, por incentivo dos pais e avós. Segundo o professor católico, doutorando em Teologia e Filosofia em Roma e membro do Apostolado de São Rafael, Rafael Brito, esta tradição revela uma pedagogia da fé. “O anjo da guarda introduz a criança no mistério de um Deus que cuida, que envia protetores, que não nos abandona”, frisa.

Rafael Brito /Foto: Arquivo pessoal
Primeiramente, para entender melhor o fundamento da devoção aos Santos Anjos da Guarda – celebrados nesta quinta-feira, 2, Brito cita um trecho do Catecismo da Igreja Católica: “a existência dos seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé” (CIC 328).
“A Igreja sempre ensinou que os anjos existem. Nunca foi uma dúvida ou questão secundária, mas uma verdade de fé. A realidade dos anjos está claramente revelada na Sagrada Escritura, atestada pela Tradição e confirmada pelo Magistério”, reforça.
O membro do Apostolado de São Rafael afirma que a Igreja ensina também que, desde o início da vida, cada pessoa recebe de Deus um anjo da guarda, um espírito celeste poderoso, “campeão de Deus”, que a acompanhará em todas as situações. Deste modo, ele resume o anjo da guarda como um “amigo espiritual” que intercede, guarda, e ajuda na caminhada segundo a vontade do Senhor.
Oração
A oração tradicional ao Anjo da Guarda é “belíssima” e cheia de teologia, define Brito. “Logo no início, quando rezamos ‘Santo Anjo do Senhor’, reconhecemos que o anjo é de Deus, não nosso. Antes de estar conosco, ele está em Deus, contempla o Senhor, e é enviado por Ele”.
Em seguida, Rafael reflete que ao dizer “meu zeloso guardador”, os fiéis recordam que o anjo cuida dos mínimos detalhes da vida, desde a concepção até a morte, guardando cada passo e acompanhando em cada situação.
Depois, a oração afirma: “já que a ti me confiou a piedade divina”. O membro do Apostolado de São Rafael falou que este trecho é uma confissão de fé na Providência. “Não escolhemos nosso anjo; foi o próprio Deus quem confiou nossa vida aos cuidados dele”, sublinha.
Por fim, ele reflete sobre o pedido quádruplo: “sempre me rege, me guarda, me governa, me ilumina”. “Aqui estão resumidos os aspectos centrais da missão angélica: reger (dar direção), guardar (proteger), governar (orientar para o bem), iluminar (abrir os olhos da alma à verdade)”.
Redescobrindo a oração em família
Rezar ao anjo da guarda pode ser uma porta de entrada para redescobrir a oração em família para as muitas que têm dificuldade de rezar juntas. Brito reitera que a devoção pode ser uma porta de entrada muito simples, mas profunda.
“Uma mãe que tem o filho distante pode pedir ao anjo da guarda dele que o proteja e o acompanhe. Essa consciência já gera um espírito de oração”, exemplifica.
O doutorando em Teologia e Filosofia afirma que o anjo é, depois de Deus, o ser mais próximo de cada pessoa. Por isso, Brito enfatiza que aprender a tratá-lo como pessoa, não como mito, é o segredo que tantos santos viveram. “Santa Teresa d’Ávila, por exemplo, dizia que sempre conversava com seu anjo antes das tarefas mais simples”, pontua.
Rezar em família a oração tradicional ao Anjo da Guarda pode ser o início de um hábito de fé, reitera o membro do Apostolado de São Rafael. Ele recorda que é algo rápido, acessível, mas que abre espaço para a intimidade com Deus. De acordo com Brito, quando uma pessoa reza com o anjo, é o próprio Senhor que vem rezar com ela.