PAZ

Santa Sé reitera apelos por desarmamento nuclear

O arcebispo Paul Richard Gallagher destacou a importância dos esforços conjuntos voltados para o desarmamento, chamando-os de “imperativo ético”

Da redação, com Vatican News

Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano / Foto: Reprodução Yoututbe

A Santa Sé reiterou os apelos ao desarmamento nuclear completo, ou à limitação desses armamentos, sob sistemas eficazes de controle e verificação, em face às principais ameaças à paz e à segurança no mundo contemporâneo.

O arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, fez esta convocação nesta quarta-feira, 24, em uma mensagem de vídeo dirigida ao Segmento de Alto Nível da Sessão de 2021 da Conferência sobre Desarmamento que ocorre em Genebra, Suíça.

“Confrontado com os muitos desafios de segurança que a comunidade internacional enfrenta hoje, é essencial que esta Conferência reconheça que certas questões devem transcender estreitos interesses individuais em virtude de sua contribuição para o bem comum”, afirmou o religioso.

O arcebispo também transmitiu a cordial saudação do Papa aos participantes e expressou a esperança do Santo Padre de que os impasses sejam superados por meio de “um renovado sentimento de urgência e corresponsabilidade”.

Paz e segurança ameaçadas pela proliferação de armas

O oficial do Vaticano destacou que “o desejo de paz, segurança e estabilidade é um dos anseios mais profundos do coração humano, embora essas nobres aspirações sejam impedidas pela erosão do multilateralismo e pelo atual clima de desconfiança recíproca, notadamente no campo do desarmamento”.

Dom Gallagher observou que, embora a importância do desarmamento seja evidente para as armas nucleares, biológicas e químicas, também se aplica ao aumento da competição militar no espaço sideral e nos campos do ciberespaço e da inteligência artificial, como pode ser visto no exemplo dos sistemas de armas autônomas letais.

Outro ponto de preocupação para a Santa Sé é o tráfico ilícito de armas pequenas, armas leves e explosivos. Essas armas, explicou o arcebispo, têm sido usadas para causar estragos em escolas, hospitais e locais de culto, causando danos à infraestrutura básica da população civil e afetando as perspectivas de desenvolvimento humano integral.

Ao mesmo tempo, continuou o arcebispo, enormes gastos militares fomentam um ciclo vicioso de uma corrida armamentista sem fim, evitando que recursos potenciais abordem a pobreza, a educação, a desigualdade e a saúde. A este respeito, denunciou o vínculo da segurança nacional com a acumulação de armas, referindo-se a uma “falsa lógica” e um escândalo que facilita a “desproporção entre os recursos em dinheiro e inteligência dedicados ao serviço da morte e os recursos dedicados a serviço da vida”.

Sinais de esperança sobre o desarmamento nuclear

Apesar da situação atual, o funcionário do Vaticano observou que há alguns sinais encorajadores, incluindo o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPNW) e a recente extensão para cinco anos do Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo START) entre os Estados Unidos e a Rússia.

Dom Gallagher também observou que a Santa Sé aguarda com expectativa a próxima Conferência de Revisão dos Estados Partes do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, na esperança de que “resulte em ações concretas de acordo com nossa intenção conjunta de alcançar o mais cedo possível, a cessação da corrida armamentista nuclear e a adoção de medidas eficazes na direção do desarmamento nuclear. ”

Ressaltou ainda que um mundo livre de armas nucleares é “possível e necessário”, assegurou que esta convicção, reforçada pela entrada em vigor do TPNW, também se materializa no espírito do Tratado de Não Proliferação (TNP). Ao mesmo tempo, Dom Gallagher destacou que o TPNW e o TNP são “movidos pelos mesmos imperativos e objetivos morais”, pois “se reforçam e se complementam mutuamente, demonstrando o quão zeloso é o desejo de paz, segurança e estabilidade”.

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