GUERRA E PAZ

Santa Sé: Eliminar as armas nucleares é um imperativo moral urgente

O Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas exorta a comunidade internacional a trabalhar para prevenir a disseminação de armas nucleares

Da redação, com Vatican News

Santa Sé insiste que as armas nucleares sejam banidas do mundo / Foto: Ilja Nedilko por Unsplash

O Arcebispo Gabriele Caccia, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, apelou à comunidade internacional para que impeça a disseminação de armas nucleares e trabalhe para sua eliminação.

Ele fez o apelo em uma declaração lida durante o Discussão Temática, realizada na terça-feira, 21, durante a Primeira Comissão da 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

“A Santa Sé afirma sua convicção inabalável de que os esforços para controlar, limitar, reduzir e, eventualmente, eliminar as armas nucleares não são uma perspectiva irrealista, mas uma possibilidade e um imperativo moral urgente”, afirmou.

“A paz não pode ser construída sobre a ameaça de destruição total ou sobre a ilusão de que a estabilidade pode emergir da potencial aniquilação mútua, pois isso é moralmente indefensável e estrategicamente insustentável”, afirmou o Arcebispo.

Arcebispo Gabriele Caccia, Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas / Foto: Reprodução Youtube

Estados devem aderir a trata dos de desarmamento

O Arcebispo Caccia instou todos os “Estados com armas nucleares” a “cumprirem suas obrigações sob o Artigo VI do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP)” e a “negociarem de boa-fé com o objetivo de reduzir e, em última instância, eliminar seus estoques”.

A Santa Sé, continuou, também apela aos Estados para que adiram ao TNP e ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares (TPAN) e “promovam medidas complementares, incluindo a entrada em vigor do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT), a negociação de um tratado sobre materiais físseis e o fortalecimento de mecanismos robustos de verificação e assistência”.

Perigos da inteligência artificial

O Observador Permanente da Santa Sé destacou que, atualmente, há “um ressurgimento alarmante da retórica que ameaça o uso de armas nucleares”, juntamente com “esforços renovados para expandir arsenais”, justificados “pela lógica falha da dissuasão”, que, em vez disso, promove o medo e desestabiliza ainda mais a segurança internacional”.

O Arcebispo destacou como especialmente preocupante “a integração de inteligência artificial, sistemas autônomos e tecnologias cibernéticas em sistemas de comando, controle e implantação nuclear”.

Essas tecnologias, disse ele, “encurtam as janelas de tomada de decisão, reduzem a supervisão humana e aumentam o risco de erros de cálculo e erros”, gerando incerteza e exigindo “atenção constante” da comunidade internacional.

Recursos destinados a armamentos são uma derrota moral

O Arcebispo Caccia destacou como, ainda hoje — 80 anos após os ataques a Hiroshima e Nagasaki — as armas nucleares continuam “a representar uma das maiores ameaças à paz e à segurança internacionais”.

Dom Gaccia insistiu que o “sofrimento e a destruição” resultantes desses eventos são “um lembrete sério e duradouro do potencial catastrófico dessas armas” e da “responsabilidade compartilhada de evitar que tais tragédias se repitam”.

“Os enormes recursos destinados a armamentos, enquanto tantos continuam a sofrer, constituem uma profunda derrota moral”, disse ele, acrescentando que a verdadeira segurança requer “proteger a vida, promover a justiça e fomentar a paz”.

Por fim, o arcebispo clamou a comunidade internacional a “se comprometer com uma visão de segurança centrada no ser humano, baseada no diálogo, na fraternidade e no respeito pela dignidade inerente a cada pessoa, dada por Deus”.

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