Desde o primeiro teste com arma nuclear, há 75 anos, já foram realizados mais de 2.000 testes, dos quais sete neste século
Vatican News
A Santa Sé está pronta a apoiar todos os esforços da ONU para a entrada em vigor do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT) assinado em 1996.
Essa posição é manifestada por monsenhor Frederik Hansen, encarregado dos assuntos da Missão do Observador Permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, em seu discurso na sede em Nova York, em 26 de agosto, por ocasião de um encontro virtual pela comemoração e a promoção do Dia Internacional Contra os Testes Nucleares, a ser celebrado em 29 de agosto.
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“Passaram-se já três quartos de século desde que o primeiro teste de armas nucleares – indevidamente chamado de ‘Trinity’ – foi realizado no deserto do Novo México, nos Estados Unidos”, afirmou monsenhor Hansen.
“Desde então, já foram realizados mais de 2.000 testes, dos quais sete neste século – observou -, causando danos ambientais e afetando a saúde das pessoas que estavam próximas aos locais dos testes ou expostas à direção do vento à radioatividade liberada no atmosfera. É de se esperar que o teste nuclear realizado há três anos tenha sido o último”.
Por isso, é fundamental que a Comissão Preparatória do Tratado para a Proibição Total dos Testes Nucleares trabalhe em conjunto com os oito Estados cujas ratificações são necessárias para a entrada em vigor do Tratado, explicou, e que esses Estados se convençam de que a segurança nacional e internacional será fortalecida somente com a entrada em vigor do Tratado.
Novos testes nucleares, de fato, não farão outra coisa senão diminuir a segurança global e, portanto, a paz e a estabilidade de todos os membros da ONU e dos povos que eles representam, enfatizou. O Tratado, portanto, é um passo fundamental para a criação de um mundo sem armas nucleares.
Recordando as vítimas do 75º aniversário da bomba atômica, monsenhor Hansen exortou à retomada do espírito com o qual as Nações Unidas foram fundadas e a chegar todos juntos “não apenas à obrigação permanente e vinculante de nunca mais realizar testes com armas nucleares, mas à meta de um mundo sem armas nucleares: um objetivo ainda mais urgente no contexto de uma pandemia global”, que destacou ulteriormente o absurdo de utilizar recursos preciosos para a manutenção de armas de destruição quando no planeta muitas pessoas estão lutando para sobreviver.
Citando as palavras do Papa, pronunciadas durante sua visita a Hiroshima em novembro passado, monsenhor Hansen reiterou que “o uso da energia atômica para fins bélicos é hoje, mais do que nunca, um crime não só contra a dignidade do ser humano, mas contra qualquer futuro possível para o nosso lar comum” e que “o uso da energia atômica para fins bélicos é imoral, assim como é imoral a posse de armas nucleares”.