Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé confirmou o acolhimento aos padres após publicação de nota do governo nicaraguense sobre o assunto
Da Redação, com Vatican News
Nesta quinta-feira, 19, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, divulgou o acolhimento, por parte da Santa Sé, de 12 sacerdotes oriundos da Nicarágua. Na quarta-feira, 18, o governo liderado por Daniel Ortega havia publicado uma nota informando sobre a libertação dos religiosos.
No documento, afirma-se que a Nicarágua chegou a um acordo junto à Santa Sé para o envio dos padres, que “foram processados por diversas causas” ao Vaticano. Bruni confirmou o acordo, expressando que “foi pedido à Santa Sé de receber 12 sacerdotes da Nicarágua, recentemente libertados da prisão”.
Segundo o diretor, os sacerdotes serão recebidos por um funcionário da Secretaria de Estado e alojados em algumas estruturas da diocese de Roma.
Dom Rolando Álvares
O arcebispo de Matagalpa, Dom Rolando Álvarez, segue preso. Condenado a 26 anos de prisão em fevereiro, sua libertação havia sido ordenada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no final de junho, e o religioso até chegou a ser libertado em 3 de julho. Contudo, diante de sua recusa a deixar o país, ele voltou a ser preso dois dias depois.
A última ação contra os católicos na Nicarágua foi a declaração da ilegalidade da ordem dos jesuítas no país, em 23 de agosto. Na ocasião, por meio de um acordo ministerial, foi determinado o confisco de todos os bens da Companhia de Jesus no país, sob a alegação de que a declaração de impostos da organização não havia sido cumprida – assim, a entidade perdeu a personalidade jurídica.
Situação da Igreja na Nicarágua
A relação do governo da Nicarágua com a Igreja Católica tornou-se cada vez mais tensa nos últimos tempos. Em julho do ano passado, missionárias da Caridade foram expulsas do país e alguns veículos de comunicação católicos foram fechados.
Em 8 de março, duas universidades foram “confiscadas” pelo governo nicaraguense e o estatuto jurídico da Cáritas no país foi cancelado. Depois, o representante da Santa Sé na Nicarágua, Monsenhor Marcel Diouf, precisou deixar o país no dia 19 de março após “solicitação” do fechamento da Sede Diplomática, datada de 10 de março. Desde maio, algumas contas bancárias de dioceses locais foram congeladas, com a alegação de investigação por parte da polícia nicaraguense.