Neste dia de silêncio, a Igreja reflete Cristo morto para celebrar a sua vitória sobre a morte; Maria sabia silenciar para escutar do coração o que não entendia
Da redação, com VaticanNews
O Sábado Santo é vivido por um dia de silêncio, no qual a Igreja medita e reflete Cristo morto, na expectativa da Missa da Vigília Pascal. Esta celebração, que acontece na noite deste sábado, conclui o Tríduo Pascal e festeja a vitória de Jesus sobre a morte.
De acordo com padre Maicon André Malacarne, da diocese de Erexim (RS), mestrando em Teologia Moral, o Sábado é o dia que os fiéis estão diante do sepulcro de Jesus.
“Estamos diante de um amor capaz de amar até o fim. Estamos diante de um amor capaz de amar até a cruz. Estar diante do sepulcro de Jesus crucificado é estar diante das grandes contradições que marcaram e que marcam a história da humanidade e que exige um empenho de transformação”.
A Vigília Pascal é o momento central do calendário litúrgico e considerada a mãe de todas as vigílias por anteceder a festa da Páscoa. Inicia-se na noite de sábado, mas faz parte da liturgia da Páscoa da Ressurreição. É também o dia da “crise” da Palavra: os próprios Evangelhos não falam nada. Pode-se somente imaginar que esse seja o tempo em que o corpo de Jesus permanece no sepulcro, enquanto os apóstolos permanecem sem saber o que aconteceria a seguir.
Um Sábado Santo que, como recordou o Papa Francisco (em 2021), foi vivido “no pranto e na perplexidade pelos primeiros discípulos, perturbados com a morte ignominiosa de Jesus. Enquanto o Verbo está em silêncio, enquanto a Vida está no túmulo, aqueles que tinham esperança dele são postos duramente à prova, sentem-se órfãos, talvez até órfãos de Deus”.
Padre Maicon explica que, por isso, o sábado é o convite ao “grande silêncio”. Não um silêncio de desespero, mas um silêncio de fecundidade.
“A imagem da semente ajuda a compor essa fecundidade, esse silêncio fecundo. Se o grão de trigo não morre, não pode dar frutos, disse Jesus. A semente que é lançada à terra e que, no silêncio, na espera, de uma vida nova, cria essa expectativa. É esse silêncio, esse silêncio fecundo, que vai nos conduzindo para a grande Vigília Pascal. De fato, o Papa Francisco insiste que cada pessoa possa cultivar espaços de silêncio”, enfatiza o sacerdote.
Ele conclui afirmando que este “silêncio fecundo”, verdadeiramente cheio de esperança na vida nova, conduz à Vigília Pascal: à luz que vence a escuridão.
“Jesus ressuscitou. Jesus é vencedor. A semente deu frutos. O nosso silêncio, a nossa espera tem pleno sentido em Jesus ressuscitado e ajuda a compor um itinerário de vida, um projeto de vida que nos conduz a produzir muitos frutos para a nossa história, para a história da comunidade, para a história em que estamos inseridos”.”
Silêncio de Maria
Nesta data em que a Igreja contempla o “repouso” de Cristo no túmulo, após o vitorioso combate da cruz, o papel da Virgem Maria é evocado. A fé de Nossa Senhora e o seu coração cheio de amor, são sinais da dor pela morte de Jesus e a expectativa na ressurreição.
Para a religiosa das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, Irmã Grazielle Rigotti da Silva, é importante identificar o Sábado Santo com o silêncio e a esperança que vem de Maria.
“Somos chamados neste dia a viver a espera, com aquela que é a mãe da Esperança: Nossa Senhora. De fato, o sábado não é um dia para ser esquecido, mas para ser saboreado. Quanto tempo faz que você não saboreia o silêncio diante de um mundo tão ensurdecedor e barulhento? Silêncio não necessariamente é vazio. Pode ser gestação, espera e encontro. Nossa Senhora sabia silenciar para escutar do coração o que não entendia. Ela nos ensina a silenciar”, afirma a religiosa.
O Sábado Santo, de dor pela morte de Jesus e alegria da sua Ressurreição, convida a parar, no recolhimento e na meditação. Os sinos não tocam, as igrejas estão despojadas e vazias.
“Um dia que nos ajuda a compreender como viver, em confiante expectativa, os ‘muitos dias’ de silêncio que a vida apresenta ao longo da nossa existência. Um dia que chegou a ser definido como ‘o mais longo dos dias’, um tempo de reflexão, que pode ser ampliado na vida de cada um”, explica Ir. Grazielle.