Confira origem e outros detalhes da história do Rosário que, segundo a tradição, foi apresentado por Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão
Gabriel Fontana
Da Redação

Foto: Canva
Nesta sexta-feira, 8, a Igreja celebra a memória de São Domingos de Gusmão. O fundador da Ordem dos Pregadores (conhecidos como frades dominicanos) tem sua história intimamente ligada à oração do Rosário, revelada a ele por Nossa Senhora em uma aparição.
No início do século XIII, o sacerdote espanhol partiu em missão para o sul da França a fim de combater a heresia albigense que se espalhava. Contudo, São Domingos de Gusmão encontrou dificuldades para evangelizar o povo da região.
Segundo uma antiga tradição, diante da resistência que encontrava, o religioso retirou-se para rezar. Neste momento, Nossa Senhora apareceu a ele a fim de consolá-lo e indicou-lhe que a oração da saudação angélica – que deu origem à oração da Ave-Maria como é conhecida atualmente – era a arma necessária para vencer os hereges.

Frei Henrique-Cristiano Bhering, OP / Foto: Arquivo pessoal
O reitor do Santuário do Rosário em Goiás (GO), frei Henrique-Cristiano Bhering, OP, observa que a oração da saudação angélica tem um poder muito grande. “Eu penso que a oração da saudação angélica é o maior exorcismo que existe, pois é justamente a oração da encarnação de Deus, que assume a nossa humanidade para nos redimir”, expressa.
O Rosário como conhecemos
À época, era um costume entre os monges rezar o saltério, ou seja, recitar 150 salmos. A partir da revelação de Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão, difundiu-se o “saltério mariano”, que correspondia à repetição, 150 vezes, da oração da Ave-Maria.
Já no século XVI, o Rosário foi organizado da forma como é conhecido atualmente por um frade dominicano. O frei Bhering conta que o Beato Alano de La Roche divide as repetições em três grupos, organizando-os nos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. “A partir disso, com a oração do Rosário, o Beato Alano organiza um instrumento de catequese onde são meditados os principais elementos da fé cristã”, explica.
O reitor assinala ainda que o Beato Alano acrescentou as orações do Pai Nosso e do Glória ao Pai ao Rosário. Aproximando-se do atual formato, notam-se características proeminentes como a fácil memorização e o aspecto cristológico dessa meditação, realizada junto à presença de Nossa Senhora.

São Domingos de Gusmão. Claudio Coello, óleo sobre tela.
“É na história da salvação onde, junto com Maria, orando com Maria e por Maria, nós meditamos os mistérios de Cristo. Na escola de Maria, nós crescemos no seguimento de Cristo, porque é isso que Maria faz. Ela nos aproxima de seu filho. A devoção mariana necessariamente nos faz cada vez mais cristãos”, reflete frei Bhering.
Mistérios da vida

Irmão André Luiz Oliveira, CSsR / Foto: Arquivo pessoal
O diretor emérito da Academia Marial de Aparecida, irmão André Luiz Oliveira, CSsR, explica que a oração do Rosário foi mantida por séculos até passar por uma nova mudança. Em 2002, o então Papa João Paulo II acrescentou os mistérios luminosos por meio da carta apostólica Rosarium Virginis Mariae.
O redentorista comenta que os mistérios luminosos favorecem uma completa meditação da vida de Jesus. “Com esse acréscimo, podemos meditar do nascimento à morte de Jesus, passando pela sua vida pública, onde Ele realizou seus grandes milagres e revelou-nos o Reino”, pontua.
Segundo o irmão André Luiz, é contemplando os Mistérios da vida de Deus que os homens contemplam os mistérios da vida humana. “Toda vida é marcada por nascimento, realizações, sofrimentos, cruzes, morte e ressurreição. Os mistérios do Rosário são os mistérios da vida”, manifesta.
Diante disso, o religioso recorda ainda as aparições de Nossa Senhora em Fátima, em 1917. Para ele, a mensagem da Virgem Maria nesta ocasião não trata de coisas complexas; antes, fala da perseverança na fé, que medita e contempla os mistérios da vida.
“Em Fátima, aprendemos a rezar com três singelas crianças, para recordar-nos da oração pura e inocente que conduz à conversão”, afirma, indicando, por fim, que “o Rosário é a oração daqueles que querem expressar seu amor a Jesus e a Maria”.