Padre José Roberto Mattos fala sobre a festa de preparação para o dia de Sant’Ana; quermesse local reuniu público de aproximadamente 25 mil pessoas aos finais de semana, em julho
Julia Beck
Da redação
Imagem de Sant’Ana em Basílica de SP / Foto: Renata Antonelli
A Basílica de Sant’Ana, na zona norte de São Paulo, está em festa. Desde o início de julho os fiéis se preparam para viver o ponto alto dos festejos: o dia de sua padroeira — celebrada nesta sexta-feira, 26. Aos sábados e domingos, uma quermesse reuniu um público de aproximadamente 25 mil pessoas.
O reitor e pároco da Basílica de Sant’Ana, padre José Roberto Abreu de Mattos, afirma que estas celebrações, que antecederam o dia de Sant’Ana, são importantes, pois marcam a história da região. “A festa de Sant’Ana nos auxilia a presentificar os sentimentos de acolhimento, tal como representado pela história e imagem de Sant’Ana, a imagem da avó que a todos acolhe”, afirma.
“Essas celebrações também nos fazem lembrar de manter vivos os princípios fundamentais da Igreja em Cristo, de acolher, de congregar, de buscarmos momentos de partilha, sobretudo, no momento atual em que se estimula tanto o individualismo na sociedade”, observou o padre.
Sobre a quermesse, o sacerdote conta que o valor arrecadado é devolvido à comunidade na forma de trabalhos sociais que são desenvolvidos, bem como na manutenção e melhorias da basílica. O intuito, ressalta, é de cada vez mais abrir a Igreja para o acolhimento daqueles que mais precisam.
Quermesse da Basílica de Sant’Ana / Foto: Renata Antonelli
Devoção particular
O reitor e pároco da basílica declara ser devoto de Santa Ana e se mostra feliz por desenvolver sua missão pastoral na “casa da santa”. Ele lembra que não há muita referência bíblica sobre a história de Santa Ana, mãe de Maria.
Padre José Roberto Mattos / Foto: Divulgação
“Ana vem do hebraico ‘Hannah’, que significa graça. A ascendência de Santa Ana remonta a linhagem de Aarão. Ela se casou jovem com Joaquim, como toda moça de Israel em sua época, e viveram em Betesda, onde hoje fica a sede da Basílica de Sant’Ana. O casal não podia ter filhos, motivo pelo qual orava constantemente a Deus para que um milagre divino fizesse Ana conceber”, recorda.
O presbítero conta que Joaquim resolveu, em determinado momento, fazer penitência e orar no deserto, quando um anjo lhe apareceu e disse que suas orações e de Ana tinham sido ouvidas. Ao mesmo tempo, o anjo apareceu para Ana, confirmando que logo seria mãe. Algum tempo depois, Ana descobriu que estava grávida.
“Sant’Ana é padroeira dos avós, das mulheres que não conseguem engravidar, além de ser padroeira da educação, pois educou Nossa Senhora e influenciou profundamente a educação de Jesus”, indica.
Basílica de Sant’Ana e o bairro de Santana
Padre Mattos sublinha que a relevância da basílica à comunidade é grande, pois em torno da Igreja Matriz se desenvolveu todo o bairro de Santana, onde se estabeleceu também o comércio.
“A Igreja congregou os católicos da região e, aos poucos, sua influência expandiu-se por uma boa parte da zona norte da cidade. Foi nessa matriz que Dom Paulo Evaristo Arns iniciou sua missão como bispo de São Paulo, região que muito amava, e uma das mais marcantes da Arquidiocese de São Paulo, por desenvolver não apenas os trabalhos caritativos e sociais, mas por estimular as vocações sacerdotais e a divulgação constante do Evangelho de Cristo”, pontua.
História da Igreja Matriz de Sant’Ana
Basílica de Sant’Ana /Foto: Renata Antonelli
A história da Igreja Matriz de Sant’Ana remonta ao século XVIII, mais precisamente aos anos de 1721, quando foi criada a Capela de Sant’Ana nas terras da antiga Fazenda de Santa Ana. “Quem adquiriu essas terras foi o reitor do Colégio de São Paulo, padre Rafael Machado”, revela o sacerdote.
A organização da fazenda demorou mais de meio século para ser concluída. Em 1727, teve início a restauração da Capela, com a construção, também, da casa para residência dos religiosos da Companhia de Jesus.
No século XIX, o presbítero frisa que muitos devotos ajudavam a Capela de Sant’Ana, organizada pelos padres jesuítas, onde se celebravam as missas aos domingos e dias santos. O sacerdote destaca também que a região era local de residência de muitos colonos católicos, e viu crescer a devoção à Santa com o aumento do número de fiéis.
Elevação à Basílica Menor
Em julho de 2020, a Santa Sé anunciou a elevação da Igreja Matriz da Paróquia de Sant’Ana à dignidade de basílica menor. Ao recordar este fato, o reitor e pároco do local partilha que este foi um projeto encaminhado ao arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer. “Ele acolheu a proposta e a encaminhou ao Vaticano, não medindo esforços para que o projeto se tornasse realidade”.
O impacto dessa elevação foi enorme, de acordo com o presbítero. E isso não foi só em termos religiosos, mas também políticos e geográficos, que podem ser sentidos com o aumento do número de fiéis que procuram a Igreja.
Politicamente, padre Mattos salienta que a região passou a ter maior representatividade junto às instituições públicas, uma vez que o Título de Basílica Menor demanda mais inserção junto aos segmentos públicos e políticos da sociedade.
Confira a programação desta sexta-feira, 26, na basílica:
