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Rainha Camilla encontra-se com União das Superiores Gerais (UISG)

No Pontifício Colégio Beda, a Rainha Camilla se encontrou com um grupo de Irmãs Católicas que representam a União Internacional das Superioras Gerais (UISG)

Da redação, com Vatican News

Rainha Camilla e as Irmãs Católicas durante o encontro no Pontifício Colégio Beda / Foto: Reprodução Instagram

A Rainha Camilla encontrou-se com um grupo de mulheres religiosas que pertencem à União Internacional das Superioras Gerais (UISG) em Roma nesta quinta-feira, 23, expressando sua profunda admiração pelo serviço prestado por eles para acompanhar pessoas que vivem em condições de conflito, pobreza e deslocamento ao redor do mundo.

O encontro ocorreu no Pontifício Colégio Beda, após uma celebração ecumênica na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, com a presença do Rei Charles III e da Rainha Camila durante sua visita oficial à Santa Sé.

Enquanto o Rei se reunia com o reitor do seminário e os alunos, a Rainha foi recebida por seis representantes da UISG, que compartilharam histórias de seu trabalho e da missão que une religiosas de todos os continentes a serviço da dignidade humana.

Ao final do encontro, as irmãs presentearam a Rainha Camilla com uma pintura simbólica criada pela Irmã Sandra De Filippis, membro da Talitha Kum, a rede global de combate ao tráfico de pessoas da UISG. A pintura retrata os rostos feridos, porém resilientes, de mulheres e crianças que sobreviveram ao tráfico de pessoas; no centro, uma mão estendida com um pássaro prestes a voar. Ela representa tanto o sofrimento quanto a transformação — um lembrete, explicou a Irmã Abby Avelino, Coordenadora Internacional da Talitha Kum, de que “mesmo na dor profunda, pode haver luz, beleza e esperança”.

A Rainha agradeceu às irmãs pelo presente e por suas histórias. “É incrivelmente comovente ouvir o que vocês fazem”, disse ela. “Sinto-me honrada com o trabalho de vocês e com a força e a coragem daqueles a quem vocês servem.”

Uma família global de mulheres consagradas

Apresentando o grupo, a Irmã Roxanne Schares, Secretária Executiva da UISG, delineou a missão e o alcance da organização.

“A União Internacional das Superioras Gerais reúne mais de 1.900 líderes congregacionais de 95 países”, disse ela. “Juntas, representamos cerca de 600.000 irmãs que vivem e trabalham a serviço do povo de Deus — em escolas, hospitais, campos de refugiados, missões rurais e comunidades que muitas vezes estão à margem.”

Irmã Roxanne descreveu a UISG como “uma rede de comunhão e solidariedade”, conectando religiosas engajadas em educação, saúde, serviço social, advocacy e justiça ecológica. “Nossas irmãs não estão confinadas em conventos; elas estão presentes no mundo — acompanhando migrantes, refugiados, pessoas traficadas e os pobres”, disse ela.

Refugiados são peregrinos de esperança

Baseando-se em sua própria experiência missionária, a Irmã Roxanne relembrou seus dez anos de serviço no Quênia, no Serviço Jesuíta aos Refugiados. “Os refugiados que conheci são verdadeiros peregrinos de esperança”, disse ela. “Eles deixam suas casas em situações desesperadoras, buscando vida e proteção para suas famílias. Sua coragem e resiliência são um testemunho poderoso.”

Ela contou ter conhecido uma jovem ruandesa, de apenas quatorze anos, que fugiu com sua irmã de quatro anos após o desaparecimento do pai e do irmão. “Eles chegaram a Nairóbi e lutaram para sobreviver”, disse ela. “Ela aprendeu a fazer cestaria e, com o tempo, foi encaminhada ao ACNUR. Mais tarde, ela foi reassentada nos Estados Unidos, concluiu seus estudos e recentemente me enviou uma foto de seu primeiro filho. Sua história é um símbolo do que a esperança pode alcançar.”

Irmãs trabalhando onde a esperança é frágil

Entre as representantes da UISG estava a Irmã Abby, que compartilhou a história de seu ministério contra o tráfico de pessoas. “É mais do que uma missão”, disse ela, “é uma vocação de compaixão”.

“Quando encontro mulheres e crianças que sofreram no corpo, na mente e no espírito, percebo que nossa missão é acompanhá-las do trauma em direção à cura e à liberdade”, continuou. “Mesmo em momentos de desespero, testemunhamos alegria e renovação. Por meio da colaboração, até mesmo pequenos gestos podem dar vida e abrir caminhos para a esperança.”

Ela explicou que Talitha Kum opera como uma rede global que capacita irmãs e jovens a conscientizar, prevenir o tráfico e apoiar sobreviventes. “A pintura que entregamos a Sua Majestade”, acrescentou a Irmã Abby, “é um sinal dessa colaboração — um lembrete de que juntas, por meio da fé e da solidariedade, podemos transformar o sofrimento em novos começos”.

Outras irmãs presentes incluíam a Irmã Patricia Murray, ex-Secretária Executiva da UISG; Irmã Esperance Bamiriyo, ex-diretora do Instituto Católico de Treinamento em Saúde de Wau, Sudão do Sul; Irmã Monica Joseph, Superiora Geral das Religiosas de Jesus e Maria; e Irmã Maamalifar Poreku, Cosecretária Executiva da UISG.

Todas compartilharam histórias de salvação, projetos de desenvolvimento integral, iniciativas educacionais e esforços ambientais voltados para o empoderamento de mulheres e jovens. O abismo entre ricos e pobres continua aumentando, o mundo continua fragmentado pela guerra, mas todas afirmaram que sua vocação as convoca a levar esperança onde a vida é mais frágil.

“Uma partilha do Espírito de Deus”

Em declarações ao Vatican News após o encontro, a Irmã Roxanne refletiu sobre o significado do intercâmbio. “Momentos como este nos convidam a parar e refletir sobre a nossa missão — para ver para onde o Espírito de Deus nos está a conduzir”, disse ela. “Quando pessoas como a Rainha demonstram interesse e preocupação, isso encoraja-nos a prosseguir com energia renovada.”

Ela descreveu o encontro como “uma partilha do Espírito de Deus que nos mantém em movimento”, acrescentando que o trabalho das irmãs continua enraizado na presença e no acompanhamento. “Muitas vivem vidas de simplicidade e oração”, disse ela, “enquanto outras servem na linha de frente — na educação, na saúde, na construção da paz e na ação pastoral.”

Relembrando novamente a sua experiência entre refugiados, a Irmã Roxanne contou a história de um homem que estava deslocado há 25 anos. “Perguntei-lhe o que o fazia continuar”, disse ela. Ele me disse: ‘Para um cristão, sempre há esperança. Deus sabe quando poderei voltar para casa’. Algumas semanas depois, nasceu sua nona filha — e ele a chamou de Deus Sabe.”

“É essa fé e perseverança”, concluiu a Irmã Roxanne, “que continua a inspirar nossa missão e nossa esperança.”

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