Celebrados neste domingo, 29, os apóstolos considerados “as colunas da Igreja” testemunham experiência com o amor de Deus e paixão pelo Evangelho
Gabriel Fontana
Da Redação

São Pedro e São Paulo / Foto: Arquivo
Neste domingo, 29, é celebrada a Solenidade de São Pedro e São Paulo. Conhecidos como “as colunas da Igreja”, os apóstolos foram fundamentais na transmissão da fé cristã em seu princípio, sofrendo o martírio após proclamarem o Evangelho em diversas regiões.
No mesmo dia, é celebrado o Dia do Papa, que tem a missão de guiar o Povo de Deus nesta terra com autoridade concedida pelo próprio Cristo. Neste ano, a celebração ganhou contornos especiais porque, há pouco mais de um mês, a Igreja ganhou um novo sucessor de Pedro: o Papa Leão XIV.
Com a morte do Papa Francisco em 21 de abril, os católicos viveram um período excepcional de sé vacante. Os olhares do mundo todo se voltaram para o Vaticano, na expectativa de descobrir quem seria eleito o novo Bispo de Roma.
O escolhido em 8 de maio foi o Cardeal Robert Prevost, de origem estadunidense e que passou anos como missionário no Peru. Em sua primeira Missa depois do Conclave, reunido na Capela Sistina com os cardeais que o elegeram, ele referiu-se ao pontificado como “cruz e missão”.
Cruz e missão

Padre Sidney Dias / Foto: Paróquia São Sebastião via Instagram
O padre Sidney Dias, da Comunidade Canção Nova, reflete que a associação feita pelo Papa Leão XIV é muito significativa. Em primeiro lugar, o ministério petrino envolve um grande sacrifício e entrega total de si. “O ministério de Pedro é marcado por um amor total, um amor oblativo, entregue, ou seja, um amor que se doa completamente”, expressa.
Desta forma, o aspecto sacrificial reflete a cruz, uma vez que Pedro é chamado a dar a vida pelo rebanho – e o Papa Leão XIV, como sucessor de Pedro, também é chamado a se dar por inteiro. “Ele precisa sim entregar-se, diante da humanidade e em meio aos desafios do mundo, muitas vezes enfrentando hostilidade e até mesmo incompreensão”, pontua o sacerdote.
A dimensão da missão, por sua vez, refere-se à tarefa confiada por Jesus a Pedro de ser pescador de homens (Mt 4,9). Mesmo diante das suas infidelidades pessoais, ele foi chamado a ser propagador do amor que o escolheu, e esta missão continua viva na figura do Papa Leão XIV.
“A missão é a responsabilidade, na figura de São Pedro, de guiar a Igreja na evangelização, anunciando Cristo como Salvador em um mundo que precisa de reconciliação, de esperança, sempre com a inspiração de um amor oblativo, que Pedro aprendeu com Jesus”, sinaliza padre Sidney.
Experiência com o amor de Deus
Aprofundando-se na reflexão sobre a experiência que Pedro realiza com o amor de Deus, o sacerdote aponta as oscilações naturais em seu processo de conversão. Quando ainda se chamava Simão, o pescador foi chamado quando ainda não estava pronto. Contudo, o amor de Deus se faz presente na vida dele, aproximando-o de Jesus e transformando-o, de um pescador falível, em uma rocha firme para a Igreja (Mt 16,18).
Ao mesmo tempo, é a capacidade de amar a Deus no meio da adversidade que capacita o Papa em seu ministério. Desta forma, o Santo Padre promove a unidade dos fiéis, reunidos pelo amor a Jesus. “O amor de Deus experimentado e transmitido por Pedro é a força que une a Igreja na sua diversidade e impulsiona para a missão. Ou seja, o testemunho de Pedro aponta caminhos de acolhida porque ele foi acolhido com misericórdia, aponta a um caminho de um serviço humilde porque ele sabe que é a fidelidade a Cristo que o faz evangelizador”, declara padre Sidney.
“Esse mesmo amor que atingiu a vida de Pedro”, prossegue, “também atinge a nossa vida e revela a nós, na fé em Jesus, que somos capazes de fazer a nossa experiência a partir do amor de Deus”.
Diante disso, o sacerdote enfatiza a missão de evangelizar à qual todo cristão é chamado. “Nós somos convidados a fazer uma experiência pessoal com esse amor, que é incondicional e eterno, e assim podemos viver como testemunhas de Cristo, carregando a nossa cruz, mas cumprindo a nossa missão de levar a Boa Nova a todo o mundo”, afirma.
O exemplo de São Paulo

Padre Claudiano dos Santos, ssp / Foto: Arquivo pessoal
O superior provincial dos padres e irmãos paulinos no Brasil, padre Claudiano dos Santos, recorda que São Paulo viveu este processo, realizando uma profunda experiência com Jesus que o levou a converter-se e viajar para diversos lugares a fim de anunciar o Evangelho.
Paulo passou de perseguidor a perseguido: entre açoites e prisões até chegar ao martírio em Roma, ele também viveu na pele as dimensões de cruz e missão citadas pelo Papa Leão XIV. “Sua experiência revela uma verdade fundamental: servir a Igreja não é buscar prestígio, mas abraçar o sacrifício por amor ao próximo”, destaca padre Claudiano.
Ele também enfatiza o título de “Apóstolo dos Gentios” recebido por São Paulo, que percorreu milhares de quilômetros para levar a mensagem de Cristo a gregos, romanos e bárbaros. “Essa atitude de ‘sair ao encontro’ é exatamente o que o Papa Leão XIV pede à Igreja de hoje. Paulo mostrou que evangelizar significa deixar a zona de conforto, adaptar a linguagem sem perder a essência da fé, e formar comunidades que continuem a missão”, explica.
Diante deste testemunho, padre Claudiano observa que as lições deixadas por São Paulo seguem atuais. Dois mil anos depois, em um mundo fragmentado por conflitos e individualismo, o exemplo do apóstolo mostra que a fé autêntica se manifesta em três dimensões: aceitar o sacrifício como parte do serviço; ter coragem missionária para ir ao encontro dos outros; e construir pontes de amor e unidade.
“Essas não são apenas diretrizes para o Papa, mas um chamado para todos os cristãos que desejam viver o Evangelho com autenticidade e generosidade”, conclui o superior provincial.