Os Patriarcados Ortodoxos Gregos e Latinos de Jerusalém apelam ao fim da guerra, sublinhando, em um comunicado conjunto, que “já houve destruição suficiente”
Da redação, com Vatican News

Cenário de destruição em Gaza / Foto: Emad El Byed na Unsplash
Após o governo israelense anunciar que seu gabinete de segurança aprovou um plano para assumir o controle da Cidade de Gaza, o Patriarcado Ortodoxo Grego e o Patriarcado Latino de Jerusalém emitiram uma declaração conjunta, com a primeira linha retirada de Provérbios 12:28: “No caminho da justiça há vida, e em suas veredas não há morte.”
“As portas do inferno se abrirão”
A declaração relata os eventos dos últimos dias, com uma mobilização militar em larga escala e os preparativos para uma ofensiva em primeiro plano.
Além disso, relatos afirmam que a população da Cidade de Gaza — onde vivem quase um milhão de civis, incluindo a comunidade cristã — deve ser evacuada e transferida para a parte sul da Faixa de Gaza.
“No momento desta declaração, ordens de evacuação já haviam sido emitidas para vários bairros da Cidade de Gaza.” Bombardeio intenso continua, enquanto o número de mortos e a destruição só aumentam.
A declaração destaca que um alerta anterior do governo israelense — de que “os portões do inferno se abrirão” — parece estar se tornando realidade.
Os Patriarcados enfatizam que esse alerta “não era apenas uma ameaça — era uma realidade já em andamento”. As intenções declaradas do governo israelense, as operações militares anteriores em Gaza e os relatórios locais são prova disso.
O que devemos fazer?
Durante toda a guerra, o complexo ortodoxo grego de São Porfírio e o complexo latino da Igreja Católica da Sagrada Família serviram como locais seguros para centenas de civis que buscavam refúgio da violência.
A declaração continua destacando que o complexo latino oferece abrigo para pessoas com deficiência, que são cuidadas pelas Irmãs Missionárias da Caridade.
Os Patriarcados Latino e Grego afirmam que “deixar a Cidade de Gaza e tentar fugir para o sul seria, para muitos, uma sentença de morte”, visto que estão fracos e desnutridos.
É por isso que os padres e religiosas decidiram ficar e cuidar daqueles que também escolherão permanecer na Cidade de Gaza.
Este não é o caminho certo
O que acontecerá com a comunidade cristã e com toda a população de Gaza não está claro, observa a declaração. Portanto, ela reitera o que já foi dito: “Não pode haver futuro construído sobre prisão, deslocamento forçado de palestinos ou vingança.”
Os Patriarcados Grego e Latino sublinham as palavras proferidas pelo Papa Leão XIV poucos dias antes do Grupo de Refugiados de Chagos.
“Todos os povos, mesmo os menores e mais fracos, devem ser respeitados pelos poderosos em sua identidade e em seus direitos — especialmente o direito de viver em suas próprias terras. Ninguém tem o direito de forçá-los ao exílio”, disse o Papa.
Enquanto mais de meio milhão de pessoas em Gaza enfrentam a fome e mais de 60.000 pessoas foram mortas desde outubro de 2023, os dois Patriarcados emitem uma declaração clara e direta: “Este não é o caminho certo. Não há justificativa para o deslocamento deliberado e forçado de civis.”
“É hora de pôr fim a este ciclo de violência, de pôr fim à guerra e de priorizar o bem comum”, continua a declaração conjunta.
Ambos os lados vivenciaram a destruição, afirma, da terra e da vida das pessoas. Os Patriarcados Latino e Grego pedem uma oportunidade para que as famílias de todos os lados — “que sofreram por muito tempo” — possam começar a caminhar em direção à cura.