O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, comenta favoravelmente o acordo assinado no Egito para o Oriente Médio, que findou a guerra em Gaza
Da redação, com Vatican News

O Cardeal Parolin / Foto: Daniel Xavier
O cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, expressa “satisfação geral” pelo acordo de paz entre o Hamas e Israel assinado esta sexta-feira no Egito, com a mediação dos EUA. O purpurado esteve na Pontifícia Universidade Urbaniana para a apresentação dos Atos do Congresso Internacional sobre o tema “100 anos do Concilium Sinense: entre a história e o presente”. Mas antes de entrar na Sala Magna, lotada de estudantes e professores, Parolin parou para responder às perguntas dos jornalistas sobre temas de atualidade. O acordo de cessar-fogo em Gaza, em primeiro lugar: “Um passo adiante”, define o secretário de Estado. Um passo adiante para “a solução do conflito de Gaza”. “Nós também nos unimos a essa satisfação e expressamos o desejo de que este seja precisamente o primeiro passo de um caminho rumo a uma paz duradoura e definitiva”.
A declaração da Embaixada de Israel sobre a entrevista à mídia vaticana
Ao cardeal também foi feita uma pergunta sobre a declaração divulgada na semana passada pela Embaixada de Israel junto à Santa Sé contra a entrevista concedida à mídia vaticana por ocasião do dia 7 de outubro. O Papa já havia se pronunciado sobre o caso à mídia fora da residência de Castel Gandolfo: “O cardeal expressou muito bem a opinião da Santa Sé a esse respeito”, disse Leão XIV. Hoje, Parolin acrescenta que a entrevista publicada no Vatican News e no L’Osservatore Romano “pretendia manifestar a presença e a participação da Santa Sé no que aconteceu no dia 7 de outubro, porque estávamos no aniversário, tendo em conta que já estavam em curso as negociações em Sharm El Sheikh, no Egito”. “Acima de tudo”, a entrevista “pretendia ser um convite à paz”: “Não creio que haja uma equivalência moral entre uma situação e outra. Onde há violência, há sempre que condenar”, sublinha Parolin. Portanto, o que se queria expressar com essas declarações é “o desejo de paz”; o desejo “de pôr fim a esta violência e de iniciar um caminho e um percurso de reconciliação e paz”.

Moradores de Gaza na estrada costeira horas antes do início previsto do cessar-fogo / Foto: Reprodução
E esse desejo parece concretizar-se com o Acordo desta sexta-feira. Trata-se, porém, agora de realizá-lo. “Penso que seja a parte mais difícil — comenta o cardeal — porque, naturalmente, há também muitos pontos. Como se costuma dizer, o diabo está nos detalhes. E, portanto, há muitos pontos que precisam ser implementados e sobre os quais provavelmente não há perfeita coincidência entre as duas partes”. O que é necessário é “boa vontade”, afirma Parolin, aplaudindo o fato de que, de qualquer forma, se chegou a este resultado: “Esperamos que se possa continuar neste sentido”.
Avançar no diálogo com a China
No breve colóquio do secretário de Estado com os jornalistas, não faltou a referência à China, à luz do tema do congresso na Urbaniana, e sobretudo ao Acordo para a nomeação de bispos assinado em 2017 e já renovado duas vezes. Continuar-se-á neste caminho? “O acordo experimental continua seguindo adiante, nós sempre o consideramos algo positivo, no sentido de que permitiu à Santa Sé e à China chegar a um consenso mínimo sobre a questão fundamental da nomeação dos bispos”, explica o cardeal. É claro que “não faltam dificuldades”, mas é preciso enfrentá-las “com muita paciência e muita confiança”. Atualmente, “ainda existem grupos que se declaram clandestinos, mas o Acordo tinha justamente o objetivo de superar essa situação de divisão e levar à normalização da Igreja”.
Desde o início do Pontificado de Leão XIV, sublinha ainda o cardeal, alguns “passos” foram dados: “Imagino que o Papa continuará nesta linha”, assegura. Ou seja, a linha de dar testemunho de que se pode “ser bom católico e ser bom chinês”, como repetia frequentemente o Papa Francisco. “Isto vale para todos os países”, afirma Parolin. “Ser bons católicos não contradiz de forma alguma a fidelidade à própria pátria e a colaboração para a sua construção e para o bem-estar de toda a sociedade”.
O Nobel para Machado, caminho para recuperar a democracia
Não poderia faltar a pergunta a quem conhece bem a Venezuela, tendo sido núncio de 2009 a 2013, sobre Maria Corina Machado, a ativista venezuelana esta sexta-feira agraciada com o Prêmio Nobel da Paz. “Espero que esta decisão tomada em relação a Maria Corina possa realmente ajudar o país”, comenta Parolin. Este é o seu desejo: “Que possa ajudar o país a reencontrar a serenidade, reencontrar o caminho da democracia e da colaboração entre todas as partes políticas”.