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Parolin: não somos ilhas, o sentido de comunidade ajuda na dor

Na apresentação do livro “Por outro caminho – A Lenda do Quarto Rei Mago”, o cardeal Parolin fez a comparação de alguns trechos do volume com os temas centrais do magistério de Francisco

Da redação, com Vatican News

O Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano / Foto: Vatican News

O Secretário de Estado, Pietro Parolin, participou da apresentação on-line do último livro do jornalista Mimmo Muolo, intitulado “Por outro caminho — A Lenda do Quarto Rei Mago”, com uma mensagem de vídeo, veiculada na página do Facebook e no canal dos Paulinos no YouTube. O Cardeal define o romance, que é uma reinterpretação da lenda do quarto rei mago, Artaban, uma metáfora para a vida do homem contemporâneo à busca de Deus: “Uma encruzilhada à qual confluem correntes de multíplices conhecimentos, do histórico ao bíblico e do teológico ao filosófico, que transformam o texto em um verdadeiro romance formativo”. Pietro Parolin afirma que o livro contém questões cruciais que, desde sempre, reinam no coração do homem e da mulher: referem-se à existência de Deus, ao significado da morte do Messias, o nascimento de uma Virgem, o drama do sofrimento humano.

Vínculo da história da salvação com a vida diária do ser humano

Entre os vários episódios citados, o Cardeal Parolin detém-se, de modo particular, sobre as interrogações de Artaban sobre o assassinato de seu pai e do sacerdote Horodes, seu mestre, por mãos de um homem, que dizia se inspirar nos deuses. A porta-voz da resposta, contida no livro, é a viúva Marjan: “Deus ama e cultiva suas plantas, fazendo, quando necessário, enxertos que não são para a morte da planta, mas para seu crescimento. A dor causada pelo corte nos salvará um dia”.

Segundo o Secretário de Estado, trata-se de uma importante junção narrativa, na qual emerge o modo de o autor conectar “os fios da História da Salvação com a vida diária do homem, feita de pesquisas, quedas, recuperações, necessidade de encontrar as pegadas de Deus”. A mensagem central do livro – como explica o Cardeal – é que “não importa chegar cedo ou tarde, mas jamais perder o prazer, a paixão e o desejo de encontrar o Senhor da vida, que nos torna cientes de ser homens e mulheres redimidos”.

Não se salva sozinhos

Na apresentação virtual do livro, o Cardeal Parolin destacou três pontos essenciais, que identificam uma correspondência evidente com algumas mensagens-chave, reafirmadas em várias ocasiões pelo Papa Francisco. O Cardeal detém-se, antes de tudo, sobre “a necessidade de conviver e agir com um espírito comunitário e não como ilhas»: é o que Artaban percebe no seu encontro com Baltasar e o que o Pontífice repete sempre, sobretudo neste período de pandemia. Aqui, recordou a catequese de Francisco na Audiência geral do último dia de 2 de setembro: “Para sairmos melhores desta crise, devemos agir juntos, não sozinhos. Não sozinhos, porque não podemos: devemos agir juntos, senão nada; todos juntos com solidariedade. Logo, é esta a palavra que gostaria de ressaltar hoje: solidariedade”.

Amar os inimigos, confiando na misericórdia de Deus

Com base no texto do autor do livro, Mimmo Muolo, o Secretário de Estado da Santa Sé retomou, mais uma vez, as palavras do Papa, quando nos convida a amar, segundo o estilo de Jesus: amar não apenas os que nos estão próximos ou os que nos amam, mas também os que estão longe, os estrangeiros, os nossos inimigos. Eis o depósito da sabedoria cristã. No livro, o quarto rei Mago fica impressionado pela expulsão dos três Magos da casta, liderada pelo decano Assim. O isolamento e o desespero parecem a única saída possível.

Aqui, o Cardeal Parolin retoma um dos temas cardeais do magistério de Francisco, desde o início do seu pontificado: “Somente quando nos damos conta da nossa fragilidade e pequenez, nos deparamos com o abraço carinhoso da misericórdia divina, que nos tranquiliza e nos permite continuar nosso caminho com um coração novo. O pecado não é a última palavra”. Desta forma, o Papa insiste, dizendo: “A vergonha não deve ser um obstáculo para se pedir perdão ao Pai, infinitamente misericordioso.

O autor Muolo: o percurso do quarto Mago é uma grande parábola para todos

A apresentação do livro de Mimmo Muolo, — moderada por Alessandro Gisotti, vice-diretor editorial do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé — contou também com a participação de diversas personalidades. O autor, que se inspirou em uma homilia do seu pároco, no dia da Epifania, fala da atualidade desta grande parábola, não como romance histórico: “O quarto rei Mago encontra, em seu caminho, os que poderiam ser os migrantes de hoje; uma prostituta obrigada ao tráfico de seres humanos; uma mãe que tenta salvar seu filho da perseguição religiosa. Enfim, citando Bento XVI, diz: “Não é uma filosofia que nos salvará, mas o encontro”. E conclui recomendando a leitura do seu livro a todos, porque não se trata de uma obra confessional: “É fundamental aprender a ciência do amor, para além dos preconceitos”.

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