Falando nas Nações Unidas para um encontro dedicado ao dia internacional pela eliminação total dos arsenais nucleares, o secretário de Estado do Vaticano destacou a necessidade de um mundo livre de armas nucleares
Da Redação, com Vatican News
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Falando nas Nações Unidas para um encontro dedicado ao dia internacional pela eliminação total dos arsenais nucleares, o secretário de Estado o cardeal secretário / Foto: CNA Images
Um mundo “perto do abismo da guerra nuclear”. Isso foi reiterado pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, que falou nesta segunda-feira, 26, nas Nações Unidas em uma reunião de alto nível para o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares. A ameaça do uso desse tipo de arma no conflito na Ucrânia, que, segundo ele, trouxe a guerra na Europa de volta a uma escala não vista em gerações, é “repulsiva”.
Um imperativo moral e humanitário
A ameaça nuclear, sublinhou o Cardeal Parolin, é iminente e tem implicações devastadoras para toda a humanidade. O objetivo de uma eliminação definitiva das armas atômicas, como escreveu o Papa na encíclica Fratelli tutti, é “tanto um desafio quanto um imperativo moral e humanitário”.
Segundo o cardeal, as ações dos Estados detentores de um arsenal nuclear estão longe de favorecer um resultado desse tipo. Ao expandir e modernizar suas armas atômicas, continuam a contar com a dissuasão atômica, desconsiderando as obrigações de tratados internacionais, como o Artigo Seis do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Ainda longe de um mundo sem armas atômica
Em agosto passado, os estados signatários do acordo de 1968 para regular e estabilizar os arsenais se reuniram para a décima Conferência de Revisão de Tratados e não chegaram a um entendimento para um documento comum. Segundo Parolin, uma circunstância que a Santa Sé acompanhou com preocupação. Mesmo que o projeto tivesse sido aprovado, enfatiza o Cardeal Parolin, a falta de novos compromissos significativos sobre o desarmamento no texto não teria aproximado a humanidade de um mundo sem armas nucleares.
Precisamos do compromisso das potências nucleares
Em vez disso, houve progresso sob o Tratado de Proibição de Armas Nucleares de 2017 com os estados membros que aprovaram recentemente um plano de ação na verificação de armas, assistência às vítimas e soluções para os aspectos ambientais da energia nuclear. Esforços que, para a Santa Sé, devem ser feitos também pelas potências nucleares, independentemente de sua posição sobre este Tratado que não assinaram.
Um sistema cada vez mais frágil
Outro objetivo é revigorar os esforços para a entrada em vigor do Tratado de proibição total de testes nucleares de 1996, ainda não ratificado por oito países signatários. Além disso, relançar as negociações de tratados sobre a gestão de material cindível e sobre garantias de não utilização dos arsenais.
Sem progresso tangível para esses fins, reitera o secretário de Estado, o sistema atual corre o risco de se desgastar. Enquanto existirem armas nucleares, a possibilidade de seu uso não pode ser excluída e isso, como disse o Papa Francisco em Hiroshima em 2019, “ameaça todo futuro possível para nossa casa comum”.