Com o olhar voltado para os migrantes e refugiados, Scalabrini percorreu um caminho que a Igreja reconheceu seguro para se chegar ao céu
Da redação, com Província Scalabriniana do Brasil
O Papa Francisco, vivenciando a sinodalidade, acolheu a opinião dos cardeais reunidos em assembleia e decretou que o Bem-Aventurado João Batista Scalabrini será venerado como santo da Igreja. A data da cerimônia de canonização será decidida no Consistório, que será convocado pelo Pontífice em data a ser determinada.
Segundo a nota oficial dos Superiores Gerais dos Três Institutos de Vida Consagrada fundados por Scalabrini: “Ao proclamar santo João Batista Scalabrini, Francisco quer indicar à Igreja o modelo de um bispo que não só se entregou completamente ao bem de seu povo, mas também estendeu seu coração aos fiéis que a vida os separou e os tem levado para longe de casa.”
O Ano Scalabriniano, iniciado ano passado (ano jubilar dos 25 anos de beatificação de Scalabrini), tem como objetivo disseminar a história do futuro santo.
Scalabrini empenhava-se cotidianamente na oração e na missão. Seu lema era: “fazer-se tudo em todos”. Tinha plena convicção da presença e ação de Deus na história. A constância e a fidelidade foram suas maiores virtudes.
Milagre de beatificação
No dia 5 de dezembro de 1996, a comissão médica da Congregação para a Causa dos Santos reconheceu como inexplicável para a ciência a cura da Irmã Paulina De Angeli. Em 21 de março de 1997, foi a vez de um grupo de teólogos dar a sua opinião favorável, que foi confirmada em 3 de junho, por uma comissão de cardeais, e ratificada por João Paulo II no dia 7 de julho, véspera do aniversário natalício de João Batista Scalabrini.
Paulina De Angeli era natural de Castellanza, no norte da Itália. Ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo em 1941, durante a 2ª Guerra Mundial. Fez a primeira profissão religiosa no dia 8 de setembro de 1945. Prestou seu serviço generoso em várias cidades da Itália e de outros países europeus, até o mês de junho de 1987, quando precisou regressar a Piacenza, para se submeter a uma delicada intervenção cirúrgica.
Os exames clínicos revelaram um tumor maligno, com metástase generalizada. Os médicos julgaram inútil e perigoso submetê-la a uma cirurgia, declarando abertamente que lhe restavam poucas semanas de vida.
Intercessão de Scalabrini
A consciência de seu grave estado de saúde, ao invés de levá-la ao desânimo ou à revolta, fez com que recorresse à intercessão de Scalabrini. Suas coirmãs de Congregação se uniram a ela com uma novena de preces particularmente fervorosa. No final da novena, a religiosa regressou à sua comunidade, totalmente curada, tanto que os próprios médicos viram no fato uma intervenção sobrenatural. O tumor desaparecera completamente.
Plenamente restabelecida, continuou sua vida de doação aos irmãos. Em janeiro de 1991, sofreu um grave acidente de carro, que a obrigou a ficar internada em diversos hospitais, durante quase um ano. Em 1992, retomou suas atividades normais.
Em abril de 1995, terminado o prazo exigido pela Santa Sé para se confirmar a cura, Irmã Paulina foi submetida a numerosos e extenuantes testes, para provar cientificamente que nada mais restava da doença e, assim, dar prosseguimento ao processo de beatificação de Scalabrini. Os meticulosos exames confirmaram o que já se sabia, tanto que, no final, um dos médicos da equipe que a atendeu, ateu confesso, disse à religiosa: “Você ainda poderá morrer de câncer, mas não deste, pois está completamente curada!”.