Dom Thibault Verny foi nomeado por Leão XIV e sucederá o Arcebispo de Chambéry e Bispo de Maurienne e Tarentaise, Cardeal Seán Patrick O’Malley
Da redação, com Vatican News

Arcebispo Thibault Verny, novo presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores / Foto: Reprodução Youtube
O Arcebispo Thibault Verny é o novo presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores. O religioso colocará sua experiência francesa a serviço da Igreja universal, mantendo suas responsabilidades diocesanas. Ele foi Presidente do Conselho para a Prevenção e Luta contra a Pedofilia na Conferência Episcopal de seu país até junho passado, quando passou o bastão para Dom Gérard Le Stang, Bispo de Amiens, eleito para o cargo na última assembleia plenária.
Primeiramente na Arquidiocese de Paris e depois na Conferência dos Bispos da França, o Arcebispo Verny tem se envolvido ativamente na luta contra os abusos na Igreja, dedicando-se à escuta e ao acompanhamento das vítimas, bem como à necessária interação com as autoridades civis e judiciais. Ele vê sua nomeação como uma forma de reconhecimento do trabalho realizado pela Igreja francesa com a criação da CIASE (Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja), que levou à publicação do relatório de seu presidente, Jean Marc Sauvé, e a criação do INIRR, um órgão de reparação e compensação.
Nesta entrevista, o Arcebispo afirma que pretende dar continuidade ao trabalho de seu antecessor, o cardeal capuchinho americano Seán Patrick O’Malley, com quem colaborou em diversas ocasiões, para estabelecer uma cultura de proteção às pessoas vulneráveis.
Vatican Media — Arcebispo Verny, o senhor está assumindo a presidência da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, criada pelo Papa Francisco em março de 2014. O Papa Leão XIV o escolheu para suceder o Cardeal O’Malley, que completou recentemente 80 anos. Como recebeu esta nomeação?
Dom Thibault Verny — Três palavras me vieram à mente e ao coração. Primeiramente, a palavra “humildade” diante da importância e da gravidade da missão e dos desafios que ela traz. Depois, a palavra “gratidão”, ao nosso Santo Padre, Leão XIV, pela confiança que em mim demonstrou; gratidão, é claro, também ao Cardeal O’Malley, com quem tive a oportunidade de colaborar na Pontifícia Comissão, e por todo o seu trabalho. A terceira palavra é “determinação” para continuar e aprofundar este trabalho.
Vatican Media — O senhor tem experiência na Conferência Episcopal sobre esta questão delicada. Agora poderá usá-la em benefício da Igreja universal…
Dom Thibault Verny — Na França, minha missão, primeiro na Arquidiocese de Paris e depois na Conferência Episcopal, me permitiu ouvir as vítimas e acompanhá-las em sua jornada. Foi uma experiência decisiva. Também tive a oportunidade de trabalhar com representantes da sociedade civil, especialmente na área da justiça, com quem pudemos desenvolver protocolos de trabalho que nos permitiram estabelecer uma metodologia. Também é significativo poder trabalhar com as autoridades civis, além, é claro, de todas as dioceses da França.
Vatican Media — Quais você acha que serão as prioridades da Pontifícia Comissão e suas prioridades para a Igreja universal?
Dom Thibault Verny — Em primeiro lugar, penso nos membros da Comissão para a Proteção de Menores e em todos aqueles que nela trabalham. Sinto-me motivado por poder continuar a desenvolver este trabalho com a equipa e todos os seus membros. As prioridades serão dar continuidade ao trabalho já apresentado no relatório anual, às iniciativas em países que delas necessitam e, através do projeto “Memorare”, apoiar as Igrejas no acolhimento e acompanhamento de vítimas. As diretrizes serão publicadas em breve. Elas fornecem orientações para o acompanhamento e a proteção de menores. Outro ponto que considero importante será a possibilidade de interligar as iniciativas. Muitas vezes, cada país trabalha isoladamente. Em vez disso, é necessário poder apoiar-se mutuamente e partilhar o que está a ser feito.
Vatican Media — Qual a importância de trabalhar com vítimas e acompanhá-las?
Dom Thibault Verny — A Pontifícia Comissão não tem a tarefa de substituir as estruturas locais e as Conferências Episcopais. Trata-se de sensibilizar os vários episcopados, ordens religiosas e congregações nos diferentes países para a escuta e o acompanhamento das vítimas de uma forma específica. Dentro da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, é essencial que existam vítimas, seus pais e familiares que tragam consigo a sua experiência insubstituível. Parece-me que devemos continuar a implementar uma mentalidade, uma cultura, dentro das Igrejas para difundir a proteção de menores e garantir que ela se torne natural, tanto na Igreja como nas famílias e também na sociedade.
Vatican Media — Em certo momento, pode-se pensar que a confiança entre os fiéis, ou alguns deles, e os representantes da Igreja havia se perdido. O trabalho de reconciliação já foi feito hoje? É necessário continuar nesse caminho?
Dom Thibault Verny — Continuo cauteloso. A confiança não se conquista por decreto. Ela se conquista e se constrói dia a dia. Há a tentação de querer falar sobre outra coisa, de querer virar a página. No entanto, o trabalho de busca da verdade e o acompanhamento das vítimas devem continuar. A proteção de menores permanece e sempre será uma questão atual. Esta é a condição para que o Evangelho seja ouvido e crido.