Estima-se que pelo menos 300 mil marinheiros estão presos no mar por conta das restrições impostas pelo novo coronavírus
Da redação, com Vatican News
Enquanto a Igreja Católica celebra 100 anos de seu ministério aos marítimos, o Vaticano apela aos governantes, organizações internacionais, nacionais e autoridades portuárias para cooperar e criar “canais especiais” para facilitar trocas de tripulação seguras e protegidas, à medida que a pandemia Covid-19 continua a crescer pelo mundo.
“Gostaríamos de ver os marinheiros abandonados no mar de volta a seus países e reunidos com seus entes queridos”, disse o cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério do Vaticano para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral.
Restrições de viagens, fechamento de fronteiras e medidas de quarentena devido à pandemia, observou o cardeal, desencadearam uma crise de emergência humanitária no mar. “Estima-se que mais de 300 mil marinheiros estão atualmente presos no mar, com seus contratos estendidos muito mais do que o limite de 11 meses estabelecido na Convenção do Trabalho Marítimo (MLC), longe de seus entes queridos, sob estresse mental e fadiga física”, disse Turkson.
Cem anos de apostolados no mar
Turkson fez este apelo em uma carta aos bispos, promotores, coordenadores regionais, diretores nacionais, capelães e voluntários do ministério da Igreja Católica aos marinheiros em todo o mundo, chamada de Apostolado do Mar (AoS), cujos centros nos portos são conhecidos como Stella Maris.
O oficial do Vaticano divulgou a carta antes do 25º Congresso Mundial da Stella Maris/Apostolado do Mar e da Celebração do Centenário, programado para 4 de outubro em Glasgow, Escócia, onde tudo começou. Mas, por conta da pandemia, a celebração será realizada virtualmente.
O Apostolado do Mar, que ministra aos marítimos, independentemente de sua nacionalidade, crença, sexo ou raça, nasceu durante uma reunião em um Instituto Católico na Rua Cochrane, em Glasgow, em 4 de outubro de 1920. O Papa Pio XI abençoou e aprovou o primeira Constituição da AoS em uma carta datada de 22 de abril de 1922. Os sucessivos Papas sempre encorajaram o crescimento deste Apostolado.
Atendendo a mais de 1 milhão de marítimos
Um século depois, centenas de capelães e muitos mais voluntários, presentes em cerca de 300 portos, realizam pelo menos 70 mil visitas de navio anuais e alcançam mais de um milhão de marinheiros.
O Cardeal Turkson agradeceu os incontáveis “apóstolos” de todas as nacionalidades que ao longo das décadas viveram com dedicação e empenho em diversos portos do mundo, ao serviço do povo do mar.
As necessidades dos marítimos são as mesmas
Embora as estruturas e designs dos portos mudaram, explicou o cardeal Turkson, as necessidades dos marinheiros e pescadores não. Cada vez que atracam, anseiam por entrar em contato com seus familiares, pedir conselhos para problemas contratuais ou simplesmente gostariam de conversar. Apesar das restrições da Covid-19, disse ele, a essência do serviço do AoS deve primordialmente um “ministério da presença”. O purpurado exortou-os a “aproveitar todos os instrumentos que a tecnologia nos oferece para estarmos presentes na vida das gentes do mar, oferecendo amizade, apoio, encorajamento e oração contínua.