Há sete anos, 21 cristãos coptas foram decapitados por jihadistas; padres ressaltam testemunho dado por cristãos mártires
Nathália Cassiano
Da Redação
O martírio na história da Igreja remonta aos seus primórdios e coloca em evidência a vida de tantos cristãos que entregaram sua vida por defenderem a fé em Cristo até o fim. Uma realidade que segue nos dias de hoje. Nesta terça-feira, 15, recordam-se os sete anos do martírio dos 21 cristãos coptas egípcios na Líbia. Eles foram decapitados por jihadistas e morreram sussurrando o nome de Jesus.
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O Patriarca copto ortodoxo Tawadros II decidiu inscrever os 21 nomes no Synaxarium, o livro dos mártires da Igreja copta. Foi estabelecido que sua memória fosse celebrada no dia 15 de fevereiro. Em mensagem para a data no ano passado, o Papa Francisco recordou o testemunho dado por esses cristãos. “São os nossos Santos, Santos de todos os cristãos, Santos de todas as confissões e tradições cristãs. Eles são aqueles que lavaram suas vidas no sangue do Cordeiro, são aqueles … do povo de Deus, do povo fiel de Deus”.
Quem são os cristãos coptas?
“Os cristãos coptas remontam o início do cristianismo. Vivem em um lugar onde de fato a fé é até mesmo proibida, são pessoas que mantiveram suas origens, sua essência”. Quem explica é o embaixador do Santuário de São Miguel Arcanjo no Brasil, padre Tiago Henrique Medeiros.
O sacerdote explica que esses cristãos iniciaram sua missão a partir do evangelista São Marcos. A maioria deles moram no Egito e vivem em meio aos mulçumanos na Terra Santa.
Segundo o fundador da Comunidade Fraternidade de São João Paulo II, padre Ailton Fernandes Cardoso, os coptas já foram um grande número, porém a maioria da população egípcia se converteu ao Islã. “Hoje, eles são cerca de 20% da população do Egito, 90% Cristãos ortodoxos da Igreja de Alexandria que tem como líder o Papa Tawadros II, e os outros 10% são da Igreja Católica copta ligada a Roma e os protestantes coptas”, explica.
O sangue dos mártires, sementes de novos cristãos
Padre Ailton recorda que, para a Igreja, os mártires são graça de Deus. “Morrer martirizado é morrer por causa do Evangelho na certeza da vida eterna, é um herói”.
Padre Tiago reforça que os mártires são os alicerces da Igreja. “É a morte de tantos homens que morreram pela fé e souberam suportar a dor, a perseguição, o sofrimento, o exílio. O martírio tem esse clamor de olhar somente para Jesus, a pessoa se une tanto ao crucificado que tem a capacidade de dar a vida pelo sangue de Cristo”, frisa.
Diálogo ecumênico
Em seu pontificado, em diversas ocasiões, o Papa Francisco citou o que ele chama de “ecumenismo de sangue” ou “ecumenismo do martírio”. Trata-se de um convite a seguir pelo caminho da unidade. Um aspecto fundamental para viver o que Jesus pede no Evangelho: ser um como o Pai é um.
“É muito importante, pois vivemos e morremos por uma única causa: a propagação do Evangelho a fim de que o mundo busque a salvação. (…) Esse movimento nos leva a nos importarmos com nossos irmãos independente da Igreja Cristã que pertencem, para nós católicos esses mártires da Igreja copta também são nossos Mártires, porque são cristãos”, conclui padre Ailton.