Sacerdote é grande referência da música e comunicação católicas no Brasil; confira testemunhos de quem toca de perto o dom da sua vocação
Jéssica Marçal
Da Redação
Padre, compositor, escritor, cantor, comunicador. Várias faces de um mesmo homem que abraçou, acima de tudo, a missão de evangelizar. Padre José Fernandes de Oliveira, ou simplesmente padre Zezinho, está completando 80 anos de vida nesta terça-feira, 8.
O sacerdote é um dos maiores comunicadores e músicos da Igreja no Brasil. Logo mais, às 18h, uma live em seu canal no Youtube celebrará a data de hoje, com testemunhos sobre a vida e a obra que marcaram essa trajetória.
Mineiro da cidade de Machado, padre Zezinho cresceu em Taubaté (SP), onde frequentava com a família a comunidade Sagrado Coração de Jesus. Foi onde nasceu sua vocação, mais tarde consolidada com o ingresso na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus.
Para além do sacerdócio, uma vida marcada também pela evangelização por meio dos livros e da música. “Oração pela família” e “Maria de Nazaré” são dois de seus grandes trabalhos, os mais executados em plataformas digitais. Muitas de suas canções já foram até traduzidas para diversos idiomas: italiano, espanhol, inglês, alemão, francês dentre outros.
Parceria com as Paulinas: respeito e liberdade
Na longa trajetória de padre Zezinho, são mais de 50 anos de mãos dadas com as Paulinas. As filhas de São Paulo, apóstolas da comunicação, têm uma editora e gravadora por onde o sacerdote realizou muitos de seus trabalhos.
São mais de 90 títulos com Paulinas e outras editoras. Na música, em torno de 150 álbuns entre compactos, LPs e CDs. E isso considerando as músicas gravadas. Existem ainda obras inéditas.
Dessas mais de cinco décadas de parceria, 16 anos têm sido partilhados com a Irmã Eliane Deprá, fsp, que trabalha diretamente com o padre na gravadora. “Estar próximo dele é um privilégio. Sempre que padre Zezinho vem ao estúdio, conversamos muito e sobre diversos assuntos. Ele é bom de papo, muito culto, tem senso de humor, inclusive sinto saudades de nossos diálogos, pois por causa da pandemia ele não vem ao estúdio há mais de um ano”.
Além de grande catequista, irmã Eliane destaca a fidelidade do sacerdote à Igreja e à sua congregação. Como comunicador religioso, sempre foi muito consciente sobre o alcance de suas palavras. “Sabe que pode ser aplaudido ou contestado, porém jamais abriu e abre mão de suas convicções e dos valores do Evangelho”, pontua a religiosa.
Os trabalhos do padre marcaram gerações. Irmã Eliane relata que as Paulinas recebem, com frequência, e-mails e telefonemas com relatos pessoais a partir do contato com as canções ou livros do sacerdote. São histórias seja de conversão seja de superação de dificuldades.
“Penso que sua influência tem a ver também pelo fato de ser uma pessoa que reza, medita, estuda. Ele é um leitor assíduo, que se importa com a realidade das pessoas e sabe dialogar com quem pensa diferente, inclusive muito respeitado pelas outras religiões”.
Nas palavras da religiosa, padre Zezinho é um grande dom para a Igreja, motivo de gratidão. “Você nos ajudou e nos ajuda a sermos pessoas e cristãos melhores, mais próximos de Deus e de sua verdade”.
Inspiração na música
Eugênio Jorge é músico católico que tem padre Zezinho como grande referência e, inclusive, como base em sua vocação. Na verdade, ele acredita que padre Zezinho influenciou muitas vocações. “Ele influenciou uma multidão de jovens a cantar, a entoar um novo canto nestes tempos. Muita gente se descobriu vocacionado através das canções do padre Zezinho”.
Eugênio frisa que o sacerdote usou muito da música como catequese. “Nós experimentamos e conhecemos muito mais e melhor a Igreja através das canções do padre Zezinho. Maravilhoso o trabalho que ele tem realizado”.
O músico tem um apreço especial pelo LP “Um certo Galileu”, de 1975. Para ele, um trabalho encantador com um repertório que marcou a história da música católica no Brasil”. Mas foi um outro trabalho de padre Zezinho, a música “Vocação”, que marcou de forma pessoal a sua história.
No bairro onde morou, na infância, havia a Capela de São João Batista, que costumava tocar diariamente, no alto-falante, algumas músicas católicas, sempre na hora do terço. Entre as mais tocadas, estavam as de padre Zezinho. E esta – “Vocação” – o tocava de modo especial.
“Tenho certeza de que essa foi uma das canções que me fecundaram na infância para que eu chegasse a ser quem eu sou e realizar o trabalho que eu realizo também através da música.”
Agora que o sacerdote chega aos 80 anos, o que Eugênio tem a dizer ao padre é “obrigado”. “Deus lhe pague por sua entrega total, por sua ousadia que fecundou a muitos, fecundou a mim. Espero em Deus que o senhor tenha muito mais anos de vida”.
“Feliz Aniversário, padrinho!”
Padre Anísio José Schwirkowski, scj, conheceu padre Zezinho no final da década de 1980 em um retiro para jovens em Brusque (SC). Quando estudava Teologia, trabalhou com ele por quatro anos, tendo feito a reforma de seu quarto e estúdio.
Eles são irmãos de congregação e mais: padre Anísio é seu afilhado de ordenação sacerdotal. Ele recorda, com carinho, o terno que ganhou de padre Zezinho para este grande dia.
Já sacerdote, padre Anísio foi trabalhar em Roma e fez mestrado. A tese foi sobre padre Zezinho. Eles mantêm laços de amizade e, juntos, viveram momentos especiais, como o encontro com o Papa Francisco, no Vaticano, quando auxiliaram nos preparativos do Sínodo sobre os Jovens, realizado em 2018.
Por ocasião dos 80 anos de seu padrinho, padre Anísio expressou também os seus parabéns. Assista abaixo:
Em 2016, padre Zezinho falou com exclusividade ao Repórter Canção Nova. Na ocasião, contou sobre o AVC que havia sofrido quatro anos antes, bem como a história de sua vida. Reveja a entrevista exibida em duas partes: parte 1 e parte 2.