Frade capuchinho, biblista e professor, envolvido na atividade acadêmica, mas também na pastoral entre os pobres, pessoas com deficiência e presos, foi nomeado por Francisco neste sábado, 9
Da redação, com Vatican News
Quarenta e quatro anos de pregações, em cada Quaresma e em cada Advento, diante de três Papas e da Cúria Romana. Provavelmente, uma das funções mais duradouras no Vaticano foi aquela desempenhada como pregador da Casa Pontifícia pelo padre Raniero Cantalamessa, o conhecido capuchinho de 90 anos que se tornou um ponto de referência espiritual não apenas dentro dos Muros Leoninos, mas também para milhões de italianos com os seus livros, as suas lições e os seus programas de televisão. Neste sábado, 9 de novembro, Cantalamessa termina o mandato que lhe foi confiado por João Paulo II, em 1980, e renovado por Bento XVI e por Francisco, o Papa que, em 2020, também quis conceder-lhe a púrpura (que Cantalamessa aceitou, mas pedindo para manter o hábito franciscano).
O novo pregador
Um legado certamente importante é aquele herdado pelo sucessor nomeado por Francisco, o capuchinho Roberto Pasolini. Mas para um frade que fazia a catequese em Navigli, no meio da movimentada vida noturna milanesa, também envolvido por anos em refeitórios sociais, no trabalho pastoral entre prisões e pessoas com deficiência, e na distribuição de alimentos aos sem-teto, os desafios certamente não são novidade. A partir deste sábado, será o padre Pasolini, biblista e professor de Exegese Bíblica, quem conduzirá a catequese perante o Papa e a Cúria Romana durante o Advento e a Quaresma.
Entre a atividade acadêmica e pastoral
Com 53 anos completados no dia 5 de novembro, nascido em Milão, Pasolini está na Ordem Franciscana dos Frades Menores Capuchinhos desde 7 de setembro de 2002, tendo sido ordenado sacerdote em 2006. Foi professor de Línguas bíblicas e de Sagrada Escritura na Studio Theologico Laurentianum Interprovinciale dos Frades Menores Capuchinhos de Milão e Veneza. Hoje, ensina Exegese bíblica na Faculdade Teológica da Itália Setentrional, em Milão, colaborando com a Arquidiocese ambrosiana na formação de professores de religião e com a Conferência Italiana dos Superiores Maiores. Uma atividade, a acadêmica, que o novo pregador conjuga com uma intensa atividade pastoral: encontros de formação, pregações de retiros e exercícios espirituais, acompanhamento espiritual e também iniciativas de caridade junto dos grupos mais frágeis da sociedade que realiza ao lado dos noviços dos quais é formador. É também autor de vários artigos e livros sobre espiritualidade bíblica e olha com interesse para as novas tecnologias, novos meios de comunicação como podcasts e as oportunidades da Inteligência Artificial. Talvez alguma reminiscência de quando era um jovem envolvido com a computação, bem como na política, antes de descobrir – como revelou numa entrevista ao programa Soul da TV2000 – que as ideologias não tornam o homem mais livre. A única liberdade vem de Deus porque “a verdadeira liberdade é libertar-se do sentimento de culpa, porque a redenção de Cristo restaurou o vínculo do bem com Deus”, afirmava.
Agradecimentos ao padre Cantalamessa
A pregação do padre Pasolini é um tipo de pregação que aborda os temas mais profundos da existência humana e da fé, sempre ligados aos acontecimentos atuais e às novas tendências. Uma característica que o une ao seu antecessor Cantalamessa, que agora continuará a sua vida de estudo, leitura e oração na Ermida do Amor Misericordioso de Cittaducale, território da Diocese de Rieti, ao lado de algumas monjas clarissas a quem serve, em um em certo sentido, como capelão.
Uma verdadeira instituição para muitos fiéis, os mais avançados que o acompanham, desde os tempos do famoso programa Rai, “Os motivos da esperança” com a inesquecível saudação “Paz e Bem”, mas também para os mais jovens que se tornaram seguidores via redes sociais relançando suas reflexões, nunca previsíveis, sempre fascinantes e originais. Um ponto de referência, portanto, também na web, com uma vida de eremita, atrás de quatro décadas de serviço a três Papas e quatro anos como membro do Colégio Cardinalício.