No paraná

Padre leva Santíssimo até infectados por covid-19 e conta emoção

Iniciativa aconteceu no Domingo de Ramos, 5; “Ele [Jesus] foi me conduzindo pelos corredores do hospital”, contou o sacerdote

Da redação, com Diocese de Campo Mourão

/ Foto: Divulgação – Diocese de Campo Mourão

Padre Adilson e Frei Aleph, da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizada em Campo Mourão (PR), percorreram o município no Domingo de Ramos, 5, com o Santíssimo, abençoando os fiéis. O sacerdote e o frade visitaram as casas da comunidade e o Hospital Santa Casa, onde estão sendo atendidos os infectados pelo covid-19 da cidade e também de toda a região.

Durante visita ao hospital, padre Adilson passou por todos os corredores e alas, rezando pelos pacientes e pelos agentes da saúde e toda a administração do hospital. A visita também passou pela pediatria e pela UTI neonatal.

Leia mais
.: Notícias da Pandemia de Coronavírus

O sacerdote e o frade também rezaram com pacientes e funcionários. Por onde o Santíssimo passou, as pessoas rezaram juntos pela recuperação e pelas famílias. A procissão saiu do hospital e passou pela Vila Rural Flor do Campo, onde os fiéis aguardavam em frente de suas casas com ramos.

Inspiração de Jesus

O sacerdote de Campo Mourão (PR) conta que sentiu muita tristeza quando soube que, por razão da pandemia de coronavírus, as igrejas estariam fechadas e os fiéis não poderiam participar, presencialmente, das missas. “Isso me deixou profundamente desolado e sem vontade de celebrar, fui até pedir a dispensa para o bispo das funções que deveria exercer nesse momento”, relatou.

O bispo, de acordo com padre Adilson, disse: “O momento é difícil para todos. Acho que aquele nosso povo que está sempre ao nosso lado ficará contente em acompanhar as celebrações, mesmo que mais breves. Pense nisso”. O pároco afirmou que, mesmo sem vontade, resolveu ser obediente e organizou as celebrações de modo que Deus as conduzisse.

A ideia de arrumar um carro e levar o Santíssimo para as ruas foi, segundo o sacerdote, uma inspiração divina. “Fizemos como Deus pediu. Organizamos tudo, pedimos para as pessoas colocarem ramos nas portas ou portões, e quando Jesus passasse que saíssem nas janelas ou portas”.

Enquanto passava de carro pelas ruas da comunidade, padre Adilson conta que ficou maravilhado ao ver a emoção das pessoas, a receptividade e a fé. “Percorremos toda paróquia. Até que chegou a hora de ir para a Santa Casa. A princípio, a ideia era chegar na porta do hospital, rezar, abençoar e ir embora”.

“Mas Deus sabe o que faz. Ele foi me conduzindo pelos corredores do hospital, o jumentinho agora era eu que trazia nas mãos o Rei dos Reis, e nos ombros o peso da responsabilidade. Os corredores daquele hospital se tornaram as ruas de Jerusalém, onde funcionários iam saindo das portas dos quartos, de trás dos balcões, parando por um momento o que estavam fazendo, e o mais surpreendente, nem todos eram católicos, talvez alguns nem cristãos eram, mas estavam ali, porque algo diferente estava acontecendo”.

Por onde Jesus passou, o pároco de Campo Mourão conta que foi possível ouvir as preces daqueles que ali estavam. Lagrimas, emoções tomaram conta das pessoas e expressões de tristeza e cansaço se transformaram em esperança, revelou.

Emoção

Na porta da UTI de isolamento dos pacientes infectados do covid-19, padre Adilson conta que sentiu a verdadeira liturgia da vida. Enquanto rezava e consagrava os enfermos a Jesus, o sacerdote conta ter vivido um momento forte. “Achei que iria entrar no setor de isolamento daquela UTI, mas não podia. Uma barreira invisível me impedia naquele momento de entrar e fazer o que eu queria fazer naquele lugar. Por isso, eu me dizia internamente que queria levar Jesus para as pessoas que não podiam ir até Ele”.

“Ele (Jesus) me disse forte no coração: ‘não é você que me leva às pessoas, sou Eu que levo você onde quero e até onde você pode ir’. Nesse momento, não me contive emocionalmente diante de uma presença tão forte de Deus em minha vida. Entre lágrimas, fechei os olhos e vi nitidamente o Senhor segurar nas mãos daqueles médicos e enfermeiras que ali estavam, e entraram, enquanto eu ficava ali na porta na minha insignificância, apenas a rezar”.

Ao final de seu relato, padre Adilson pediu aos católicos que rezem pelos verdadeiros heróis que estão arriscando suas vidas nos hospitais, nas UTIs, nas ambulâncias, nos carros funerários e nos cemitérios. “Mesmo sem saber, dizem como o profeta: Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado (Isaías 50,7)”.

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo