No início do Mês da Bíblia, padre Leonardo frisa como “A Bíblia no meu dia a dia”, do fundador da Canção Nova, ajuda os fiéis a terem constância na leitura da Palavra de Deus
Julia Beck
Da redação, com colaboração de Gabriel Fontana
Revelação de Deus e de Seu plano de salvação. É assim que o missionário da Comunidade Canção Nova, padre Leonardo Ribeiro, resume em poucas palavras a Bíblia. Celebrada durante todo este mês de setembro pela Igreja no Brasil, esta obra que reúne textos escritos pelos autores sagrados, profetas e evangelistas ganha incentivo de leitura e meditação diante de sua enorme relevância para a fé católica.
O sacerdote recorda que a Santa Missa, em primeiro lugar, é uma grande oportunidade para ter contato com a Sagrada Escritura. “Jesus se faz presente na Palavra”, pontua. Depois, ele frisa a importância de os católicos terem a disponibilidade de ter acesso à Bíblia diariamente. “É um modo de aprofundar e viver com mais intimidade aquilo que o próprio Deus quis como plano de salvação para nós”, complementa.
Desmistificando a leitura
Algumas pessoas afirmam não ser muito fácil lidar com a Palavra de Deus. Padre Leonardo comenta que muitos falam que têm dificuldade de entender o que está nos textos, principalmente no Antigo Testamento. De fato, o presbítero constata que há livros “bem mais difíceis” e que todos eles apresentam um contexto, afinal, há uma realidade histórica que não pode ser perdida de vista.
Cada livro da Bíblia tem uma mensagem, por isso o sacerdote frisa que é preciso abrir o coração e rezar para chegar à verdadeira reflexão. “A Palavra não pode ser tomada como um livro comum. É preciso pedir as luzes do Espírito Santo para que Ele abra o nosso coração e ilumine a nossa mente para entendermos da melhor forma”. A experiência pessoal e a intimidade com a Palavra são realidades que contribuem para a meditação de um texto sagrado.
Padre Leonardo reitera o valor de não ler a Palavra de forma racional, já que esta ação pode fazer com que o processo fique “estático” e “frio”. “É uma pessoa que está ali, é Deus que se manifesta, é Jesus que traz a Boa Nova no seu Evangelho. Então não podemos tratar a Bíblia como um livro qualquer. É uma Palavra que traz uma mensagem de esperança, de alegria. É uma experiência particular que necessita ser permeada por oração”.
Método do Monsenhor Jonas
Utilizar um método para a leitura da Bíblia pode ser uma decisão interessante, revela o presbítero. Ainda que a experiência, o contato com a Palavra seja algo particular, já que Deus pode falar de forma diferente para cada pessoa, o método pode ajudar os fiéis na constância. O missionário da Canção Nova indica que é preciso trazer no coração a disposição de viver o estudo da Bíblia com ordem e disciplina.
“Monsenhor Jonas Abib, sendo o homem da Palavra que sempre foi”, relembra o sacerdote, no final da década de 70, percebeu a importância que a Palavra deveria ter na vida dos jovens. Então, ele desenvolveu, a partir disso, um método de leitura da Bíblia que, na época, foi nomeado como “A Bíblia foi escrita para você”, e mais tarde tornou-se “A Bíblia no meu dia a dia”.
Este método consiste em colher dos textos sagrados as promessas e as ordens de Deus, além dos princípios eternos. Padre Leonardo afirma que ele é baseado na Lectio Divina, que já é um método da Igreja, mas que traz uma explicação mais facilitada. “Foi um método que o Monsenhor Jonas desenvolveu e que até hoje é utilizado”, pontua.
Iniciando os estudos
Para iniciar o estudo da Bíblia, o presbítero indica, primeiramente, a oração clamando o Espírito Santo. Depois, ele pede que o fiel pegue caneta, papel e caderno para anotar trechos da Palavra indicada para aquele dia de estudo. A primeira coisa a ser observada naquele texto são as promessas. “Deus sempre tem promessas para nós, não é? Então, isso é muito importante, colher aquilo que Deus promete e que Ele vai cumprir”. As promessas, complementa, ajudam a alimentar o coração com esperança.
Na sequência, padre Leonardo destaca a reflexão sobre as ordens de Deus contidas naquela Palavra. “Deus tem ordens porque Ele quer nos educar. Ele quer nos educar como filhos, então Ele também tem ordens no sentido de nos educar para que vivamos um caminho de constância e conversão”. As ordens dadas por Deus, continua o presbítero, precisam ser cumpridas.
Os princípios eternos também devem ser grifados. O missionário da Canção Nova reconhece que identificá-los é um pouco mais difícil e que muitas pessoas têm dificuldade de entender como colher isso da Palavra. “Os princípios eternos não mudam. (…) Precisamos acolhê-los no coração de forma obediente, aberta, sabendo que são realidades imutáveis. A nós cabe acolher e viver”, conclui.