No dia de Santo Estêvão, primeiro mártir da Igreja Católica, sacerdote comenta perseguição por causa da fé e enfatiza amor e entrega a Deus
Gabriel Fontana
Da Redação
Santo Estêvão, celebrado nesta quinta-feira, 26, foi o primeiro mártir da Igreja. Apedrejado, sua morte é narrada na Bíblia (At 7,54-60), e o relato tem como uma de suas características a entrega total diante dos seus assassinos.
Após Santo Estêvão, uma grande perseguição se iniciou. Desde então, muitos cristãos foram mortos por causa de sua crença, inclusive nos dias atuais, mas seu testemunho apenas fortaleceu a fé daqueles que seguem a Jesus.
Testemunho de fé
Missionário da Comunidade Canção Nova, o padre Edison Oliveira observa que a palavra “martírio”, em grego, significa justamente “testemunho”. Ele explica que os santos são apaixonados e amam a Deus em primeiro lugar, “e porque amam a Deus, são capazes de suportar sofrimentos e dores e entregar a própria vida por amor a Deus”.
Leia mais
.: Papa: no martírio encontram-se as características do perfeito discípulo
Segundo o sacerdote, o martírio é, para a Igreja Católica, o maior testemunho de fé existente. Isso porque, além de dar a própria vida, muitos mártires também sofreram perseguições antes de serem mortos. Neste contexto, há também aqueles que sofrem e são assassinados nos tempos atuais em países onde a perseguição religiosa se faz presente.
Exemplo recente disso é Floribert Bwana Chui Bin Kositi, cujo martírio foi reconhecido em decreto do Dicastério para as Causas dos Santos no último dia 25 de novembro. Leigo da República Democrática do Congo, ele foi assassinado em 2007 após recusar suborno para permitir a importação de um carregamento de arroz estragado vindo de Ruanda.
Confiar na graça de Deus
Estes testemunhos ensinam aos fiéis que a vida humana não se encerra neste mundo, mas tem uma finalidade eterna. “O objetivo da nossa existência não é apenas permanecer neste mundo, mas viver nele como luz e caminhar em direção à vida eterna, que é a vida junto com Deus em comunhão plena no Reino dos Céus”, afirma o missionário.
Padre Edison sinaliza que existem dois tipos de martírio, o vermelho e o branco. O martírio vermelho é aquele em que há o derramamento de sangue, ou seja, em que a pessoa é morta por conta do amor a Deus e do testemunho de fé. O sacerdote pontua que há vários exemplos antigos, mas também muitos “mártires ocultos”, cuja perseguição não é levada a conhecimento das pessoas.
O martírio branco, por sua vez, é o “martírio do dia a dia”, isto é, sofrimentos por amor a Deus “quando testemunhamos a fé e somos perseguidos em determinados ambientes, na cultura e nas universidades”, exemplifica o padre Edison. Desta forma, sintetiza, o martírio branco passa pela experiência da incompreensão por parte daqueles que ainda não conheceram a Deus.
Ambos os tipos de martírio, porém, têm um elemento em comum: a graça de Deus. Segundo o sacerdote, o mártir é revestido de uma unção sobrenatural para suportar as dores. Sendo assim, “devemos contar sempre com a graça de Deus, que nos impulsiona, nos move e nos fortalece, porque nós mesmos não conseguimos”, sublinha o missionário.