Reflexões de São João Paulo II, Bento XVI e Francisco, neste dia em que celebramos a Festa da Divina Misericórdia, apontam para que nunca duvidemos do amor de Deus pela humanidade
Da Redação, com Vatican News
Neste primeiro domingo após a Páscoa, a Igreja celebra a Festa da Divina Misericórdia, estabelecida em 30 de abril de 2000, por São João Paulo II, durante a solene Celebração Eucarística por ocasião da canonização da Irmã Maria Faustina Kowalska.
Naquela ocasião, em sua homilia, o Papa Wojtyla lembrou que Cristo confiou sua mensagem de misericórdia a essa humilde freira polonesa entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
“A misericórdia divina atinge os homens através do Coração de Cristo crucificado: ‘Minha filha, dize que sou o Amor e a Misericórdia em pessoa’, pedirá Jesus à Irmã Faustina (Diário, pág. 374). Cristo derrama esta misericórdia sobre a humanidade mediante o envio do Espírito que, na Trindade, é a Pessoa-Amor. E porventura não é a misericórdia o ‘segundo nome’ do amor, cultuado no seu aspecto mais profundo e terno, na sua atitude de cuidar de toda a necessidade, sobretudo na sua imensa capacidade de perdão?”
Do coração de Jesus, Irmã Faustina, que nasceu em 1905 e morreu em 1938, viu dois feixes de luz que iluminam o mundo: “Os dois feixes”, explicou-lhe um dia o próprio Cristo, “representam o sangue e a água”. “Se o sangue evoca o sacrifício da cruz e o dom eucarístico, a água”, explicou João Paulo II durante a capela papal para a canonização da Irmã Faustina -, “lembra não apenas o batismo, mas também o dom do Espírito Santo”, salientou.
A misericórdia é a face de Deus
No Domingo da Divina Misericórdia de 2008, Bento XVI enfatizou, antes da oração mariana do Regina Coeli, que a misericórdia é o núcleo da mensagem do Evangelho. “É a face com a qual Deus se revelou na Antiga Aliança e plenamente em Jesus Cristo, a encarnação do Amor criador e redentor”.
“Este amor de misericórdia ilumina também o rosto da Igreja, e manifesta-se quer mediante os Sacramentos, em particular o da Reconciliação, quer com as obras de caridade, comunitárias e individuais. Tudo o que a Igreja diz e realiza, manifesta a misericórdia que Deus sente pelo homem, portanto, por nós. Quando a Igreja deve reafirmar uma verdade menosprezada, ou um bem traído, fá-lo sempre estimulada por amor misericordioso, para que os homens tenham vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10, 10). Da misericórdia divina, que pacifica o coração, brota depois a paz autêntica no mundo, a paz entre os povos, culturas e religiões diversas”.
Assim como a Irmã Faustina, o Papa João Paulo II também foi um apóstolo da Divina Misericórdia. Na noite de 2 de abril de 2005, quando ele voltou para a casa do Pai, era a véspera do segundo domingo de Páscoa.
Ser misericordioso é encontrar Jesus
As chagas de Jesus não são chagas distantes, confinadas a uma época remota da história humana. O Papa Francisco, em 2022, durante a Missa da Divina Misericórdia, exorta a cuidar das feridas de nossos irmãos e irmãs que estão passando por momentos difíceis. A misericórdia de Deus, acrescenta o Pontífice, nos coloca “frequentemente em contato com os sofrimentos do nosso próximo”.
Na incredulidade de São Tomé, que quer ver as feridas do Senhor, está a história de todo fiel: “Há momentos difíceis, nos quais a vida parece desmentir a fé, nos quais entramos em crise e precisamos tocar e ver. Mas, como Tomé, é precisamente aqui que descobrimos o coração do Senhor, a sua misericórdia”.
Em 2015, abrindo o Jubileu Extraordinário da Divina Misericórdia, Francisco aponta para uma diretriz capaz de promover um autêntico discernimento: “Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua misericórdia”, concluiu.