José Francisco Calí Tzay, relator especial das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, enalteceu a rejeição do Vaticano com relação à Doutrina da Descoberta e expressou esperança que outros governos os sigam
Da redação, com Vatican News
O relator especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas, José Francisco Calí Tzay, saudou a recente rejeição do Vaticano à ‘Doutrina da Descoberta’ e expressou esperança de que outros governos sigam o exemplo da Santa Sé, informou www.un.org.
A Doutrina do Descobrimento era uma teoria que servia para justificar a expropriação por parte dos colonizadores soberanos das terras indígenas de seus legítimos proprietários.
“A doutrina da descoberta”, reconheceu o especialista, “ainda é uma ferida aberta para muitos povos indígenas ao redor do mundo e deve ser abordada como parte de um processo de reconciliação entre os povos indígenas e os Estados coloniais”.
No artigo, o funcionário da ONU elogiou o reconhecimento do Vaticano sobre os efeitos nocivos da colonização, incluindo a dor que os povos indígenas sofreram, e saudou a exortação do Papa Francisco para promover o respeito mútuo e o diálogo e abandonar a mentalidade colonizadora.
O Vaticano, em uma Declaração Conjunta divulgada em 30 de março pelo Dicastério para a Cultura e pelo Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral repudiou formalmente “aqueles conceitos que não reconhecem os direitos humanos inerentes aos povos indígenas, incluindo o que se tornou conhecido como direitos legais e políticos ‘Doutrina da Descoberta'”.
Graças ao diálogo com os povos indígenas, disseram, “a Igreja adquiriu maior consciência de seus sofrimentos, passados e presentes, devido à expropriação de suas terras… tempo, com a intenção de eliminar suas culturas indígenas”.
O documento afirmava que a “’Doutrina da Descoberta’ não faz parte do ensinamento da Igreja Católica”.
Afirma ainda que as bulas papais que concederam tais “direitos” aos soberanos colonizadores nunca fizeram parte do Magistério da Igreja.
Publicado oito meses após a viagem penitencial do Papa Francisco ao Canadá, o texto reafirma claramente a rejeição da Igreja Católica à mentalidade colonizadora.
“Ao longo da história”, recorda o documento, “os Papas condenaram atos de violência, opressão, injustiça social e escravidão, inclusive os cometidos contra os povos indígenas”. Nota também os numerosos exemplos de bispos, sacerdotes, religiosas e religiosos e fiéis leigos que deram a vida em defesa da dignidade daqueles povos”.
Ao mesmo tempo, reconhece que “muitos cristãos cometeram atos malignos contra os povos indígenas pelos quais os últimos Papas pediram perdão em várias ocasiões”.