As agências das Nações Unidas e a Caritas Bangladesh entraram em ação para ajudar os refugiados Rohingya após um incêndio no acampamento em Nayapara
Da redação, com Vatican News
Um grande incêndio que irrompeu na manhã desta quinta-feira, 14, em um campo de refugiados de Rohingya no sudeste de Bangladesh destruiu mais de 500 casas e 150 lojas, deixando mais de 3.500 refugiados desabrigados.
Nenhuma morte foi relatada durante o incêndio no campo de refugiados de Nayapara em Cox’s Bazar, segundo um funcionário da Comissão de Repatriação e Ajuda de Refugiados (RRRC). Várias pessoas, porém, ficaram feridas antes que bombeiros, policiais e soldados apagassem o fogo.
O campo de Nayapara acolhe cerca de 22.500 refugiados, dos quais cerca de 17.800 são mulheres, crianças e idosos. A causa do incêndio no acampamento superlotado ainda é desconhecida.
Mohammad Shamsud Douza, comissário adicional do RRRC, disse ao periódico UCA News que cerca de 3.500 desabrigados foram levados para centros de aprendizagem (usados para educação infantil), onde estão recebendo alimentos, roupas e medicamentos. A Comissão colabora com grupos de ajuda para reconstruir abrigos o mais rapidamente possível.
Agências das Nações Unidas
Agências da ONU estão no local desde a manhã de quinta-feira, avaliando os danos e auxiliando os afetados. Marin Din Kajdomcaj, funcionário da agência de refugiados da ONU (ACNUR) em Cox’s Bazar, disse que estão trabalhando com o governo, ONGs parceiras, outras agências da ONU e refugiados Rohingya para auxiliar aos mais necessitados.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) está fornecendo assistência alimentar de emergência, incluindo refeições quentes para famílias necessitadas. Ao lado deles, parceiros humanitários do Grupo de Coordenação Intersetorial (ISCG), do Crescente Vermelho de Bangladesh e ONGs também estão prestando ajuda às pessoas afetadas.
Caritas e agências católicas
A Caritas Bangladesh, braço social e de desenvolvimento da Igreja Católica de Bangladesh, disse que tudo será feito para ajudar os refugiados e reconstruir suas casas.
Inmanuel Chayan Biswas, chefe de operações do programa de resposta de emergência da Caritas, lamentou a perda do pouco que os refugiados tinham e disse que o governo e as ONGs estão colaborando para reconstruir seus abrigos. Ele lembrou que, no ano passado, cerca de 400 abrigos foram queimados em incêndios.
A Caritas está ativa nos campos de refugiados de Rohingya desde 2017. Com financiamento de agências católicas em todo o mundo, a Caritas alcançou mais de 140 mil refugiados com ajuda, incluindo alimentos, itens não alimentares, água e saneamento nos últimos anos.
Em novembro, a Caritas se juntou ao Jesuit Refugee Service (JRS) e ao Catholic Relief Service (CRS), com sede nos Estados Unidos, e lançou um novo projeto denominado Centro Multiuso para Adolescentes, cujo objetivo é auxiliar no desenvolvimento psicológico de crianças, fornecer aconselhamento e desenvolvimento de habilidades a adolescentes, cuidados com gestantes, crianças e crianças com necessidades especiais.
Papa Francisco
Em várias ocasiões, o Papa Francisco expressou sua proximidade com os refugiados Rohingya. Em um comovente encontro durante um encontro inter-religioso e ecumênico na capital de Bangladesh, Dhaka, em 1º de dezembro de 2017, o Papa ouviu as histórias de dor de dezesseis refugiados Rohingya de Cox’s Bazar.
Quem são os Rohingya?
Os Rohingya são um povo étnico predominantemente muçulmano que vive principalmente no estado de Rakhine, no oeste de Mianmar, na fronteira com Bangladesh. Mianmar é composta por uma maioria budista e considera os Rohingya imigrantes ilegais de Bangladesh, embora estes vivam no país há gerações.
A cidadania foi negada por uma lei de nacionalidade aprovada pelo regime militar do governo em 1982, considerando-os virtualmente apátridas, sem liberdade de movimento e outros direitos básicos. Mais de 700 mil muçulmanos Rohingya fugiram para o vizinho Bangladesh desde uma repressão brutal dos militares de Mianmar em 2017, elevando o número total de refugiados Rohingya em Bangladesh para cerca de 1,3 milhão. A maioria deles está abrigada em cerca de 30 campos de refugiados em Cox’s Bazar, no sudeste de Bangladesh.